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cronicas-->Rato de livraria -- 14/08/2002 - 00:23 (Hilton Görresen) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
RATO DE LIVRARIA

Era um ratinho esperto, que se instalara numa livraria. Vez em quando alguém o via, correndo de uma estante a outra, se enfiando por brechas de livros. Viveu anos ali, convivendo com o melhor da literatura. Lembrava da primeira obra devorada: "O queijo e os vermes", a parte dos vermes havia deixado de lado. Quando caiu em suas mãos, digo, patas, "A Mão e a Luva", de Machado, não conseguiu distinguir qual era a mão, qual a luva. Precisava usar óculos. Estava envelhecendo, a família resolveu interná-lo num sebo. Deu-se bem ali, fez amizade com o dono, um velhinho simpático. Fizeram um trato, o velhinho deixava uns restos de comida e o ratinho não destruía os livros.
Era feliz. Descobriu que livros serviam para todas as ocasiões: em tempo de frio, utilizava "O Capote", de Gogol. Precisando de companhia, buscava "O Primo Basílio". Diversão? "O Pirotécnico Zacarias". Certa vez, desceu da estante "Os Dez Negrinhos", de Aghata Christie, formaram um time de futebol, ele era o goleiro. Dor de dentes, consolava-se com "Os Sofrimentos de Werther", de Goethe. Passou a indicar obras para os leitores indecisos. Era só escolherem o gênero, no outro dia estava o livro no balcão.
Resolveu ler Kafka, "A Metamorfose" - ficou decepcionado: o personagem se transformava numa barata nojenta. Foi um problema livrar-se da barata. Teve de apelar para "Os Caçadores de Aranha", de David Gonçalves. Não era bem sua especialidade, mas conseguiram dar um jeito. Em alguns livros via a expressão "errata" - já não conseguia ler muito bem - e ficava cismando com uma companheira.
Um belo dia, aliás, um dia azarado, deixou cair da estante "A Ratoeira", de Aghata. Ficou com o rabinho preso. Com o barulho que fez, acordou o "Gato Preto", de Poe. Este veio de mansinho, lambendo os beiços. Estava perdido, entre o gato e a ratoeira. Sua única saída era alcançar "O Cão dos Barkervilles" para espantar o bichano. Não conseguiu. Aí, foi uma tragédia: "Suplício na Livraria", não sei se já escreveram.
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