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cronicas-->Sem pé nem cabeça -- 11/07/2002 - 18:35 (Ingrid Valiengo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Essa cozinha é gelada como seu coração. Teima em juntar seus cacos. A comida é farta como as promessas. A claridade ajuda tal como a certeza. Não quero gozar do seu tempero.
Quantos cigarros?
Não amanhece.
Não tenho mais coluna. Apenas Carlos Drummond Andrade:
" Implacável ponteiro dos segundos
Não, não quero este decassílabo
O que eu queria dizer era:
O segundo, não o tempo,
É implacável".
Nunca reparo nos segundos. O minuto é inútil, não trabalha direito.
Tenho os dedos trêmulos
O cabelo está enrolado.
Olhos calmos, barriga coberta.
Sou parte, um quase.
O pão oferece abrigo. Está entre amigos. Reúnem-se para falar mal de mim:
_ Aquela não fica sem escrever!
São seis bananas. Um cacho frio, perto dos limões (provarei-os puros?)
Que mãos são essas que juntam forças para esquentar os pés?
Que pernas acomodam o corpo?
Que pena ter contado casos!
Que lástima deixar a mente solta!
Que cheiro quis sentir ao fazer tal coisa?
Portanto, tenho nariz e pés gelados.
Mãos quentes, busto adormecido.
Coração vazio.
Não conte... nem mais comigo...

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