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cronicas-->Disk tu, tu, tu -- 11/05/2002 - 23:14 (Marcel Agarie) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Autor: Marcel Agarie
Data: 11/05/02

Crónica: "Disk tu, tu, tu"

Nunca pensei que fosse tão difícil conseguir uma informação pelo telefone.

Eu queria saber os valores dos ingressos para um show que seria realizado no Credicard Hall, mas não sabia por onde começar. A preguiça era maior que a minha disposição e me impedia de ir até o local para descobrir. Para quem não sabe, o Credicard Hall fica quase no final da Marginal Pinheiros, próximo a ponte João Dias, um lugar distante para um habitante do bairro do Tatuapé, na zona leste. Pensei em ligar, mas como não tinha o telefone, entrei em contato com o serviço de informações da Telefonica, o 102. Com um papel e uma caneta na mão, liguei e me deparei com uma mensagem gravada com uma voz feminina, em um tom meio sexy, que repetia:

- Telefonica informa: este número mudou para 0800 77 15 102. Repetindo: 0800 77 15 102

Para dificultar, a Telefonica mudou o simples número 102 (fácil de decorar) da extinta Telesp e colocou mais 8 números na frente. De humilde 102 se transformou no sofisticado 0800 77 15 102, a lá espanhola. Anotei o novo número e liguei para ouvir outra mensagem, também gravada:

- A sua ligação é muito importante. No momento, todos os nossos atendentes estão ocupados. Por favor aguarde um instante.

Como não tinha opção, acabei esperando. O instante que eles pediram, durou quase 10 minutos, o que me fez concluir que havia entendido errado a mensagem de espera. Era para aguardar "como estante" e não "um instante", pois fiquei esperando 10 minutos imóvel. Eu realmente parecia com uma prateleira cheia de livros, televisão, aparelho de som, de uma sala qualquer, parado, na esperança de ser atendido. É de doer ficar aguardando, pior ainda é ficar ouvindo as músicas de espera.

O "momento estante" passou e a música de espera foi interrompida por um rapaz, com voz de dinossauro com fome, que me atendeu:

- Telefonica 15, Marcos, boa noite. Em que posso ajudar?
- Boa noite, gostaria do número de telefone do Credicard Hall.
- Mais alguma coisa senhor?
- Não, obrigado.
- Telefonica agradece, por favor anote.

A voz de "brucutu com fome" saiu da linha e cedeu o lugar para uma voz feminina (eletrónica), bastante mansa, que dizia pausadamente:

- O telefone solicitado é: 5, 6, 4, 3, 2, 5, 0, 0. Repetindo... 5, 6, Tu, tu, tu...

Nem esperei a repetição e logo liguei ao número informado. Desta vez uma outra mensagem gravada, menos pausada, dizia:

- Obrigado por sua ligação. Para informações sobre shows no Credicard Hall, ligue para a central de atendimento no número 3191 0011.

Eu estava começando a me irritar com este liga pra lá, liga pra cá. Era a quarta tentativa frustrada de conseguir o telefone do Credicard Hall. Me acalmei, contei até 10 e disquei para o último número anotado no papel, já cheio de rabiscos e números telefónicos. Mais uma mensagem me atendia, mais uma vez era uma voz de mulher e mais uma vez me forneciam um outro número para informações.

- O número 3191 00 11 mudou para 6946 6000. - dizia a mensagem

Parecia pegadinha. Para saber quanto estava um par de ingressos para um show no Credicard Hall, eu já havia ligado para 4 números. Não dava para acreditar o que acontecia comigo. Liguei para 6946 6000 e uma senhora me atendeu:

- Disk-táxi, Marta, boa noite.
- Disk-táxi?
- Sim, em que posso ajudá-lo?
- Por acaso, aí é do Credicard Hall?
- Desculpe, mas não é não senhor.
- Ok, foi engano... Tu, tu, tu...

Um engano em um dos algarismos, fez eu ligar novamente para o telefone anterior e ouvir a gravação para verificar qual número havia anotado errado. Ouvindo de novo a mensagem, constatei o problema no prefixo, o correto era 6846 e não 6946. Depois de mais de 30 minutos no telefone ligando para 5 números diferentes, finalmente eu estava próximo de conseguir falar com as pessoas responsáveis pela venda das entradas. Liguei para o número corrigido e? Uma mensagem me atendeu:

- o nosso horário de atendimento é de segunda à sábado, das 10 às 22 horas. Informações para shows, disque 1, para espetáculos e peças de teatro, disque 2, para ...

Disquei 1 e aguardei. Houve uma pausa e outra voz - blá, blá, blá... - surgiu no fone:

- para shows de fulano, disque 1. Para shows de ciclano, disque 2. Para shows de beltrano, disque 3. Para shows de...

São nestes momentos críticos que as Leis de Murphy entram em ação. Como eu estava com pressa, puto e com ouvido cheio de tanto ouvir mensagens gravadas, justo a minha informação era a última das 12 opções que tinham. Teclei o número correspondente, contendo a ansiedade e com o dedo indicador quase formando um calo de tanto discar. Era o momento mais esperado daquela noite. Depois de 50 minutos, quase completando uma hora, eu estava prestes a conseguir as informações que necessitava. Até me lembrei que poderia ter consultado tudo pela internet, mas agora não fazia mais diferença. A informação estava prestes a entrar pelos meus tímpanos, processar em meu cérebro e agilizar a melhor maneira possível de comprar os bilhetes.

Outra voz - gravada - surgia no fone. Era mais uma vez feminina, dizendo em um tom muito suave, quase celestial de se ouvir. Com certeza a voz mais bonita de todas as que tinham passado pelos meus ouvidos naquela noite. Uma voz adoçada, que me saudou com um educado boa noite e disse:

- os ingressos para o show desejado, estão esgotados. Para maiores informações ligue no núm... Tu, tu, tu...

Da próxima vez vou até lá a pé e pergunto para o segurança. Que saco!

PS: Se não acreditam, tentem para crer.
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