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cronicas-->Ponta do Cintrão -- 30/08/2001 - 10:12 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ao construir um novo texto, brinco como se criasse um quebra-cabeças de palavras. É um exercício divertido, que ajuda a soltar a mente e os dedos (mais a mente do que os dedos, porque, se penso muito rápido, os dedos não acompanham o raciocínio).

Foi exercitando essa brincadeira que aprendi a trazer a mente solta. Porém, antes de decolar idéias ou projetos de textos, amarro o que penso com um barbantinho. É para controlar os vóos.

Não, não se trata de auto-censura. Falo de autonomia de vóo. Pensamentos não são aeronaves. Entretanto, dependem de algumas leis para concluir percursos. Já soltei meus pensamentos como quem empina pipas e, feito um louco, cortei a linha. Aprendi que pensamentos e pipas funcionam melhor com o barbantinho. Perdi idéias, sentimentos e sensações pela falta de controle.

Já não solto a cabeça assim, sem mais nem menos. Solto os pensamentos sob um ligeiro controle. Coisa quase profissional. Falo para mim mesmo: "é a hora, solte a franga!". E no cacarejar de palavras que se sucedem, vou alçando vóo em um texto que se constrói a esmo.

Quer dizer, se o escrevo e mantenho escrito, deixa de ser a esmo, não é verdade? Se você está lendo agora, é porque o juntar palavras deixou de ser exercício e virou texto, mesmo. É um texto que foi escrito ao acaso, devo confessar. Mas que foi tomando forma nesses oásis que se acha nos desertos da criação.

Alguns amigos dizem, espantados: puxa, você tem uma facilidade incrível para escrever! Eu rio sozinho, escondo esse mistério. Escrever é um sacrifício insano, dolorido e triste. O que você enxerga é a luz do farol, sem perceber que o movimento ritmado, constante e seguro da luz que brilha ao mar depende de uma engenhoca complexa, cara e pesada, que funciona na escuridão. É das sombras que parte o raio de luz.

Por falar nisso, descobri outro dia, todo faceiro, que em pleno arquipélago dos Açores, na ilha de São Miguel, há um farol de torre cilíndrica, daqueles de filme, com 14 metros de altura, situado nada mais, nada menos do que na Ponta do Cintrão.

Não acreditei quando vi. Ri tão alto diante da descoberta que até espantei quem estava em volta. Quem diria! Eu, esse pobre mortal, medíocre sob vários aspectos, divido o sobrenome com um farol de 14 metros. É demais!

Mato a cobra e mostro o farol. Está lá na relação da Associação Nacional de Cruzeiros, de Portugal. Ponta do Cintrão (ilha de S. Miguel), Latitude Norte 37º50 .67, Longitude Oeste 25º29 .35. Seu número nacional é 726. Seu número internacional é D-2659.

Sei lá porque cargas d´água fui buscar essa lembrança a esta altura do texto. Mas que foi divertido, foi. Iluminou o final. Mas fez a pipa cair no mar. Ah, não tem problema. Construo outra.

Maurício Cintrão
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