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cronicas-->Cavalinho de Brinquedo -- 11/06/2001 - 11:43 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gostaria de dedicar meu amor a todas aquelas pessoas que vão passar o Dia dos Namorados com vontade de esquecê-lo. E não faço distinções entre homens e mulheres. É amor para quem não tem, amor para quem teve e perdeu, amor para quem ainda não o conheceu, amor para quem não sabe muito bem o que fazer com o amor que tem.

Melhoraram as comunicações, melhoraram as pessoas, mas os solitários continuam sozinhos, apesar de suas qualidades e de seus desejos. Alguns outros continuam sozinhos apesar da companhia. A modernidade ainda não inventou um jeito de acabar com a solidão de quem de fato não tem parceiro ou de quem tem parceiro mas não tem paixão.

Fico entristecido, porém, em não poder realizar esse meu desejo. Sabe, é difícil admitir, mas, do alto da minha pretensão, preciso reconhecer que não consigo amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Continuo dedicando meu amor a uma única mulher. Nem sei se ela compreende a dimensão do quanto a amo. Mas continuo amando. Porque o amor tem dessas coisas: ele opera em frequência própria, tem bateria que não desliga em apagão e, às vezes, ama apesar de nós mesmos.

Mesmo sem poder doar meu amor como gostaria, entretanto, não posso negar o amor que tenho pelas pessoas. Afinal, eu sei o quanto dói não ter ninguém. Já fui solitário em muitos momentos da vida. Sozinho porque ainda não havia encontrado o amor. Sozinho pelo fim de um romance que não avançou além de dois ou três beijos. Sozinho porque já amei quem não me amava de fato. Sozinho porque a vida faz disso com a gente, talvez para melhorar a capacidade de amar.

Lembro de quando era adolescente, muito tempo antes de encontrar a primeira namorada, quando fazia poesias bobinhas e escrevia: "ah, que saudade de ter saudades!". Nem sabia o que era gostar de alguém, salvo aquelas exceções que só confirmam a regra: a professora do primário, a vizinha boazuda e a prima do amigo que nunca percebeu que eu existi.

Nem havia experimentado a paixão verdadeira e falava em saudades. Talvez porque já soubesse, bem antes de amar, que a verdadeira dimensão do amor está no quanto a gente sente falta de quem ama. É na impossibilidade que se confirma a necessidade do outro. A distància já salvou muitos casamentos. Os amantes entediados voltam a se apaixonar quando estão longe um do outro.

É certo que alguns se afastam e não voltam nunca mais. Mas esse é o risco de estar vivo. Às vezes, nos apaixonamos involuntariamente e nos perdemos nessas novas paixões. É como diria a avó de uma amiga minha, "solte o cavalo; se ele voltar, é seu, se não voltar, não era seu".

Não sei o que dizer para quem não tem cavalo para soltar. Gostaria de deter a receita do amor, de saber uma dica importante, oferecer um caminho. Mas não consigo. Mesmo assim, escrevi este texto para você que não tem porque comemorar o Dia dos Namorados.

Na impossibilidade de me doar em amor, ofereço a minha esperança. É meu jeito de amar você. Saiba que, uma hora, a solidão acaba. E a paixão vai consumir cada milímetro da sua capacidade de amar. Enquanto isso, tome minhas letras, construídas em cavalinho de brinquedo. Ofereço uma sela de sonhos enquanto seu príncipe ou princesa não vêm.

É pouco, eu sei, mas é melhor do que estar sozinho.

Maurício Cintrão
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