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cronicas-->É o bicho! -- 04/05/2001 - 15:31 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A aranha é venenosa, mas a teia é macia. Somos todos insetos em algum momento da vida. Encantados pela aranha ou pela maciez da teia, nos deixamos levar pelo beijo da morte. Morremos muitas vezes durante a vida. Morremos e matamos, porque somos insetos e aranhas nessa dinàmica alucinada do viver. Uma hora, morremos para sempre.

Às vezes, somos apenas a teia. Colamos e fazemos colar, resistindo bravamente às novas rupturas. Para quê mais uma brecha? Mas a teia é vazada e não vaza. Precisamos vazar vez por outra. Pior: acreditamos que as estruturas montadas não devem ser mudadas. Mesmo contrariando o dito, de que em time que ganha não se mexe. Não queremos mexer mesmo nos times que perdem. Não se mexa! Viramos ladrões de nossos próprios destinos. Há dias em que, no alto, só estão as mãos.

Aranhas, vez por outra nos vemos dependurados apenas por um fio. É fio resistente, acreditamos, mas nem sempre é. Caímos. Gente-aranha e gente-inseto cai na teia ou até fora dela. Caímos por nossos próprios venenos. Envenenamos por acaso, envenenamos de propósito. Envenenamos por ignorància, complacência ou pouco caso. Envenenamos, pronto!

A aranha venenosa de teia macia pode dormir ao seu lado. Outras já dormiram. Você conhece muito bem o fim desse filme. Tem roteiro a favor do bandido. A aranha sempre ganha no final. E mesmo que não tenha dentes claros e brilhantes, como manda a propaganda de dentifrício, a aranha ri. Ridi Aracnídeo, quá-quá-quá-quá-quá.

Insetos, temos medo das aranhas. Alguns sucumbem a ele. Outros o ignoram. Não que isso seja um ato de coragem, Às vezes, o medo é tanto que anestesia. Não tenho medo, mas não sou herói; já não o sinto. Há quem morra envenenado e nem perceba que o beijo-carícia não é beijo, é bote. Há quem não fuja porque já não pode fugir.

Nem todos, porém, têm vocação para comida de aranha. Alguns, mais espertos, fogem da teia, da aranha e do veneno. Vários morrem por outras causas, até por culpa do inseticida originalmente destinado a matar aranhas. Mas não foram comidos. Há os que morrem fugindo das teias. Há os que morrem simplesmente em pensar nelas. E há quem não morra, inseto ou aranha.

Em alguns momentos da vida, contemplei aranhas. Convivi com várias, matei diversas. Em algumas vezes, fui picado. Em outras, fui mais esperto. Mas nunca fui comido por uma aranha. Também, ainda não inventaram aranha-jibóia, capaz de engolir um homão deste tamanho e arrotar no final. Nem comi aranha nenhuma. Tenho certa incompatibilidade com bichos de muitas pernas. Não gosto de lagostas, caranguejos e aranhas.

Se estou lúcido, pego logo a vassoura e acabo com a história.

Maurício Cintrão
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