Usina de Letras
Usina de Letras
89 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62352 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22544)

Discursos (3239)

Ensaios - (10412)

Erótico (13576)

Frases (50729)

Humor (20058)

Infantil (5476)

Infanto Juvenil (4795)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140851)

Redação (3316)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6224)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->NUNCA VOLTOU NENHUM -- 25/03/2008 - 15:22 (FAFÃO DE AZEVEDO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Manhã de sábado, dia chuvoso. O tempo hoje não está prá Bar do Afonso, a nossa praia, onde se bebe ao ar livre. O jeito é a gente se refugiar no Beirute que, além de coberto, nos deixa protegidos com os toldos laterais nos dias de vento frio. É o bar ideal para se conversar. No velho Beira, não tem música ao vivo e muito menos aquelas caixinhas de som tocando baixinho umas musiquinhas que só servem para nos dispersar da concentração de um bom bate-papo, pois que, via de regra, mal dá prá se entender o que o cantor está dizendo. Lá só não conversa quem não tem assunto.
E as conversas do Beirute são as mais surreais possíveis. Já ouvi cara defendendo a inexistência da sétima lua de Saturno; amigos relatando suas aventuras e desventuras em outras cidades, onde foram obrigados a tentar a vida após perderem seus empregos durante o curto reinado de Fernandinho, "O Ladrão"; jovens traçando planos para cursarem suas pós-graduações na Europa, e até mesmo militantes da esquerda alcoólica teorizando saídas infalíveis para os problemas políticos, sociais e económicos do nosso Brasil.
Eu mesmo, num dia de maior inspiração etílica, já arquitetei uma solução para a famigerada inflação que eleva constantemente o preço do whiskyzito nosso de cada dia.
Até que é simples. Vou tentar discorrer aqui, nestas poucas linhas, de maneira sintetizada sem entrar nos detalhes técnicos do economês.
Trata-se de uma lei que obrigasse o Banco Central, cada vez que fosse emitir dinheiro, a imprimir as cédulas com a imagem da mãe do Ministro da Fazenda vigente, ao invés de gaúchos, passarinhos ou figuras hitóricas, cientistas e escritores dos quais o nosso povo, cada vez mais condenado à ignorància, por falta de escolas, nem sequer tem conhecimento.
Queria ver se o então ministro não ia zelar para que a nota, com o retrato de sua progenitora, não virasse um mero trocadinho, passando de mão em mão por aí, servindo de inspiração aos piadistas de esquina.
Mas, se não me falha a memória, foi exatamente numa mesa do Beirute que ouvi a primeira propaganda eleitoral do ano, quando o Giba disse, em alto e bom som, que iria votar nas putas "porque seus filhos, na política, não deram certo". Daí, não sei porque, declinei da ideia de trabalhar o lobby para implementar meu plano económico.
Pois é, mudando aí de pau prá cacete, estávamos lá, no mais agradável colóquio de buteco, na noite de quinta-feira da semana em que foi implementada a URV, quando Tostão preencheu o cheque para o pagamento de sua despesa, assinando o nome do ministro inventor da moeda-índice.
Sabendo que ele não se chamava Fernando nem Henrique e que não tinha Cardoso no sobrenome, os amigos o alertaram para o engano, pensando ser uma consequência das inúmeras ampolas de cerveja ingeridas naquela noite, ao que Tostão contou que esse era um velho hábito seu: com o intuito de homenagear as personalidades da moda, assinava seus nomes nos talões usados para quitar as dolorosas.
Disse que já havia passado cheque, ali no Beirute, em nome do Gorbachev, no tempo da perestróica, do Telê Santana, no tempo de Copa do Mundo e, até mesmo, da Luiza Brunet após seu primeiro e deslumbrante desfile carnavalesco como Rainha da Bateria da Portela.
Solicitou o testemunho do garçon, que recebia o referido cheque, e todos escutamos quando o Manel declarou:
- Nunca voltou nenhum.
Fiquei tentado a perguntar com que nome assinaria para pagar a conta do dia em que comemorássemos a saída do Brasil dessa crise ética, política e económica que nos assola (com direito a inflação zero e tudo mais).
Mais do que depressa Tostão respondeu:
- Deus... Do jeito que as coisas andam, só Ele mesmo.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui