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cronicas-->LÁ EM COPA -- 12/01/2008 - 12:02 (thiago schneider herrera) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ontem estive em Copa, para os íntimos. Copacabana pra os nem tanto assim. Linda, multicolorida, imensa. E eu andando naquela calçada preta e branca que nem doido. Consegui olhar para o mar umas poucas vezes. Enquanto mulheres e homens desfilavam inutilmente seus corpos malhados e bronzeados na praia, eu segui submerso em minha paranóia; andava na calçada pisando o mesmo número de vezes na faixa preta e na faixa branca. Não podia errar, tropeçava, pulava, dava passos rápidos, logo lentos; na cabeça só uma coisa: eu só não podia errar de jeito nenhum. E para olhar para o mar eu tinha que parar, pisando com o pé direito e esquerdo ou na faixa branca, ou na faixa preta e bem no centro, nem um centímetro a mais nem um a menos. Aquela faixa não foi feita para quem tem esse tipo de paranóia. Fiquei nervoso, ansioso, angustiado. Quase fui atropelado algumas vezes ao andar na rua que é só de uma cor. Mas tinha que voltar a calçada, e voltar a minha loucura. Era inevitável. Uma hora parei numa barraca, pedi cerveja, ascendi um cigarro, tirei a camisa e percebi risadinhas maldosas de homens e mulheres malhados e bronzeados. Seria por causa de minha cor branca ou de minha magreza? Ou por causa de ambos? Depois da terceira lata, desencanei de pensar sobre isso, mesmo as risadas tendo aumentado consideravelmente. Já tinha entrado no meu mundinho e nada me tiraria de lá. Sentei e percebi que as mesmas pessoas que olhavam e riam não tinham nada dentro dos olhos, só um vazio dramático, um quê de blasé no mesmo olhar, uma paranóia bem maior que a minha. Relaxei. O que eles viam não era realmente o que olhavam, só viam, apenas.
Senti tristeza por eles, por nós, pela humanidade, pelas bicicletas, pelo jogging, pelas barras de aço pra fazer exercício. Peitos estufados, andar mecànico, fala alta e cheia de gírias, muitos Ss na parada, descontrole, uma ociosidade beirando algo patético que se vê por ai, uma coisa banal flutuava no ar, algo insosso, muito músculo e pouca sensatez, muita beleza e pouco sentido nisso tudo. Tão pouco eles olhavam pro mar. Tinham coisas mais interessantes pra olhar, na opinião deles, claro. Pareciam ter fúria nos olhos. Uma competiçãozinha brotava de seus corpos. Incoerência total. Senti-me deslocado, fora dali, distante, mas muito bem relaxado. Tinha um lá que parecia andar com uma cenoura enfiada no cú. Não sei como conseguia respirar de tanto que encolhia a barriga. Chegou perto de uma mulher e contraiu os músculos, olhar alto, nariz empinado, e falou muito, mas muito mesmo, como se tivesse alguma coisa interessante pra dizer. Nesse momento vomitei sobre a mundialmente famosa calçada de Copa onde atores, cantores, pessoas sem muita fama, ou nenhuma, andam, correm, paqueram, exibem suas caras feias. Não senti hipocrisia no lugar, nas pessoas, só falta de sal, tempero, não sabia muito bem, só senti que algo faltava.
Talvez eu seja a coisa que eles mais desprezam. Com certeza eles são as coisas que eu mais desprezo. A diferença é gritante, quem está certo? Quem esta errado? Nenhum dos dois acredito. Apenas seguimos a vida que acreditamos, se é que de fato acreditamos assim nela. Adoraria ler um texto escrito pelo cara que andava com uma cenoura enfiada no cú falando sobre aquele branquelo e magrelo sentado mamando sua cerveja. Eu...
Bom, já estou de volta as Minas Gerais, meu povo, meu ar, minha cultura, meu cigarro de palha, cachaça, amigos, minha terra, nossa terra. Ufa, sobrevivi...

T.S.H.
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