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cronicas-->Vóos de joaninha -- 22/11/2000 - 21:47 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Apareceu de repente. Uma joaninha do lado de dentro da janela do avião. A primeira reação foi de espanto. A reflexão veio logo em seguida. Se tem joaninha, pode ter barata. E imaginei o escàndalo que provocaria o aparecimento de uma barata à bordo da ponte aérea, por menor que fosse. Ri sozinho.

A tripulação terminava os preparativos para a decolagem e não havia muita alternativa. Até pensei em espantar o bichinho para que voasse para fora, mas as portas já estavam fechadas. Daí, fiquei curioso em saber se sobreviveria a não sei quantos pés de altitude, sob pressurização, com ar condicionado e a vibração torturante das turbinas do jato.

Não deu muito para aprofundar as investigações científicas, porque a danada voou. Peguei o jornal e distraí os olhos em reportagem sobre a cantora e compositora Joyce. Tão linda! Está lançando cd com João Donato. O avião decolou, a maravilhosa paisagem do Rio despediu-se de mim (ou fui eu que me despedi, triste) e as lembranças de Joyce cantando Bossa Nova fizeram com que viajasse duplamente.

Divagava em notas quando, entre eu, meus sonhos e o relevo do Rio, surgiu de volta a joaninha. Pequena, mas determinada. Passeava para lá e para cá na janelinha da aeronave. Não sei se tentava fugir ou fazia o que eu bem gostaria de poder fazer: dançar na paisagem do Rio como se fosse uma joaninha na janela. Os pensamentos não impediram que ela saltasse em vóo curto, indo passear no paletó do passageiro da frente, que dormitava.

Elaborei um plano legal para ajudar a minha pequena amiga. No final do vóo, tiraria o celofane do maço de cigarro, colocaria a joaninha dentro para soltá-la em São Paulo. Não é lá a melhor coisa que eu poderia fazer por um bichinho tão bonitinho, mas é mais interessante ficar em terra e voar por conta própria (poxa, afinal, ela pode voar sozinha, eu não!) do que ficar encarcerada em um boeing pelo resto de sua curta (eu suponho) existência!

Veio o lanche e a turbulência, mas não retornou a joaninha, que sumiu para além da poltorna da frente. Foi o lanche, continuou a turbulência e não vi mais a pequenina. Seguiu-se o pouso, suave apesar do tempo nublado, e o inevitável tumulto para sair do avião, feito congestionamento em final de jogo. Fui um dos últimos a sair, meio frustrado porque não achei mais o bichinho.

Agora que escrevo este texto, fico me perguntando. Será que a joaninha percebeu o meu plano e fugiu? Talvez seja mais interessante continuar voando entre passageiros sonados e cronistas sonhadores do que experimentar vóo próprio sem nenhuma companhia.

Puxa, preciso comprar o cd da Joyce e entender um pouco mais como vivem as joaninhas.

Maurício Cintrão
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