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cronicas-->Natal em Junho -- 17/11/2000 - 08:13 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A corrida por mais vendas está fazendo com que o comércio antecipe cada vez mais seu esforço de Natal. Percebi isso porque meus filhos já estavam pensando no que pedir de presente e estranharam quando eu disse que ainda faltava muito tempo. Os olhares de espanto quase me desqualificaram.

As lojas e os shoppings estão sendo decorados para as festas de fim de ano. As crianças já haviam se dado conta disso. Eu não. É impressionante como os referenciais vão mudando. No meu tempo de menino, a gente percebia que estava chegando o Natal porque acabavam as aulas. Hoje, a antecipação é tamanha, que a relação de presentes a serem pedidos já começa a ser discutida na própria escola, entre os coleguinhas.

Não sei, não. Do jeito que vai, o Natal logo terá que ser comemorado em dois turnos, feito eleição. Um primeiro turno aconteceria em junho, antes das férias, o que seria muito justo, para que as crianças tivessem tempo livre para usufruir dos brinquedos. O segundo seria mesmo em dezembro. Eu não estranharia se também mudassem a data para alguma coisa como 10 ou 15 de dezembro, de forma a facilitar a contabilidade fiscal.

Afinal, compromissos históricos e religiosos nada têm a ver com as vendas. Que eu saiba, são poucos os que cantam parabéns para Jesus no dia 25 de dezembro. Seria bom para o comércio de velas enfeitadas de aniversário de Natal e para as lojas que comercializam lembrancinhas. Mas o aniversariante não ganharia presentes. As pessoas andam meio desatentas a essas coisas.

Essas coisas de mexerem muito nas datas que marcaram a minha infància me incomoda muito. Sou daqueles que ainda cultua entre as crianças o respeito e a crença em Papai Noel. Meus filhos acreditam no velhinho e nós achamos que, nos dias de hoje, essa é uma grande conquista. Alimentar uma fantasia desse tipo é importante.

Entretanto, pode virar um problema, especialmente se criarem um Natal em junho. Não tenho a mínima idéia de como vou fazer para dar conta de dois natais, férias e aniversários. Não há orçamento doméstico que resista. Nunca me vesti de Papai Noel, mas, do jeito que as coisas andam, talvez tenha que inaugurar novo figurino. E não vai ser para agradar meus filhos, mas para arranjar alguns trocados que paguem essa gastança toda.

Só não sei se agradaria no papel. Estou gordo, mas nada que permita boa interpretação do condutor de Rudolf. Alguns travesseiros podem preencher o que faltar em diàmetro. Aquelas barbas postiças também ajudariam a quebrar o galho. A roupa vermelha impressionaria. Só não teria como disfarçar minha decepção. Porque eu ainda acredito em Papai Noel e imitá-lo fora de época seria uma violência contra a recordação de todos os brinquedos que tive. Estariam todos irremediavelmente perdidos, posto que não os tenho, mas ainda guardo o melhor deles na memória.

Não, definitivamente eu não gosto dessa idéia de Natal em junho.

Maurício Cintrão
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