Usina de Letras
Usina de Letras
21 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62328 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22542)

Discursos (3239)

Ensaios - (10406)

Erótico (13576)

Frases (50707)

Humor (20053)

Infantil (5473)

Infanto Juvenil (4794)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140841)

Redação (3313)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6219)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Cantores da Noite -- 13/11/2000 - 12:05 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os cantores da noite, os passarinhos e as crianças não deveriam morrer nunca. Mas eles se vão, como o Sol se põe na tarde resplandecente.
A vida tem asas para passarinhar em outros lugares. Nós, os que ficamos, sempre lamentamos. Mas isso é egoísmo.

Cantores da noite, pássaros e crianças também precisam partir. Se a alegria nem sempre pode esperar, porque a dor o faria? Temos medo do escuro. Temos medo do silêncio.

Porém, a noite é noite há muito mais tempo do que conhecemos o dia. Por isso, sejamos o dia, a cantoria e a passarinhada. Sejamos crianças enquanto ainda lembramos que, um dia, estaremos voando, voando, na direção de outra alegria.

Pois há quem já esqueceu que é finito. Há quem finge esquecer que para tudo tem final. O amor acaba, a fome acaba, a dor acaba, o acabar acaba. O poder acaba, o poder consome. Tudo acaba e tudo recomeça aqui, ali, lá ou longe dos nossos aquis-alis-lás.

O desconhecido poder ser lilás. O desconhecido pode ser tudo. Pode estar onde quiser. O desconhecido só não pode deixar de ser desconhecido. Porque aí seria conhecido e não haveria mais temor nem curiosidade. O fim seria o começo inequívoco de alguma coisa. E não saberíamos que, na vida, cantores da noite, passarinhos e crianças um dia acabam.

Ficamos mais pobres quando partem. Ficamos mais ricos por lembrar. Ficamos e isso é difícil de aceitar. Ficamos para trás, para a frente, quem sabe onde? O fato é que ficamos e nesse ficar herdamos a dor do bar, da floresta e dos brinquedos que perderam o dono.

Cantores da noite, passarinhos e crianças não deveriam morrer. Não deveríamos morrer. Mas morremos. Cantando na noite, voando de dia, brincando pela vida.

Maurício Cintrão
(PS: este texto foi originalmente dedicado a Adauto Santos, um grande passarinho que cantava na noite e nunca deixou de ser criança)
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui