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cronicas-->MEU SONHO -- 30/05/2005 - 17:46 (thiago schneider herrera) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu sonho não é ficar rico, nem construir uma família unida e feliz, nem ter uma casa grande com portão eletrónico e sofás confortáveis, nem conseguir em 10 anos, com muito trabalho, um status social com jantares de negócios regados a champanhe e caviar e gravata apertada e fala mansa e a tal da inveterada puxação de saco irritante e necessária nesse momento. Meu sonho não é me tornar um robó que a sociedade espera que eu me torne, circulando freneticamente entre o limite do mínimo e do aceitável. Muito menos um cara que vai ao teatro toda quinta feira, mas não sabe quem foi Alfred Jarry ou Cocteau, e que ainda assim, ao sair tomar um cafezinho com croissant no intervalo do primeiro ato fala pretensiosamente que a movimentação dos atores está careta e previsível e os diálogos monótonos e tediosos. Meu sonho não é me tornar um atleta sexual como somos quase obrigados a ser nos dias de hoje, comendo o maior número de meninas possíveis e cantarolando de galo entre os amigos os malabarismos duvidosos feito na cama da pobre coitada da presa depois de uma caçada implacável e de mentiras e de retóricas e de sensibilidade de interesse. Meu sonho é não ter muitos sonhos apesar de extremo sonhador eu ser. Estudo intensamente pra um dia escrever um livro bom, ou voltar a escrever poesia que não escrevo há meses por aceitar minha limitação e incapacidade. Leio muito sobre arte contemporànea pra não cair no erro viciante de classificá-la como porcaria. Vou ao cinema 2 vezes por semana pra viajar a 5 reais meia entrada pelo mundo da sétima arte, mesmo sendo a sétima arte retiniana da América. Escrevo cronicas mal-humoradas e realistas como fotografias de minha mente perturbada pela realidade em que vivemos, todas exageradas e buscando sempre causar mal estar. Num mundo em que a sensibilidade é medida, por exemplo, pela possibilidade de se fazer caridade só poderia mesmo me causar náuseas. Tenho medo de me tornar um mendigo alcoólatra fudido e solitário, mas tenho mais medo ainda de me tornar um executivo que baixa a cabeça e tem raiva do patrão e odeia a mulher e xinga no trànsito e come crianças num fetiche pedófilo.
A vida é incrivelmente maravilhosa. E a cada dia que passa dou um passo a caminho de meus sonhos e objetivos. Eu sei que meus sonhos aos olhos de muitos são o mesmo que os sonhos de muitos aos meus olhos. Cada um fazendo o seu caminho. Gosto de escrever sobre a sociedade e sobre as pessoas que vivem nela. Passa tempo, treino, mania. Gosto de passar longos minutos reparando em alguma situação banal e cotidiana, pra depois, escrever sobre ela. Eu vivo inúmeras situações banais e cotidianas todo santo dia, e muito do que escrevo é proveniente de minhas próprias experiências. A grande maioria, diga-se de passagem. É tudo uma questão de auto-análise. Eu me divirto com minha incorrigível inaptidão para com a vida e suas coisas e dia-dia e leis e dogmas e tabus e tudo mais e coisa e tal. É extremamente engraçado ver-me em certas situações em que a total inabilidade e falta de tato me constrange silenciosamente dentro de minha mente. Seus sonhos estão intrinsecamente ligados aos seus próprios limites. Os sonhos são gratuitos e infinitos, mas o limite que cada um carrega custa caro e é totalmente limitador, isso se você permitir que assim o seja. Então, penso, porque sonhar com carro do ano, casa na praia, camisa de marca ou mulher fabricada em clínicas de estética? Meus sonhos não são tão palpáveis. Sonho em escrever um livro, ou que seja apenas só uma poesia precisa, não uma mulher perfeita com peitinhos durinhos de silicone, mas uma mulher que seja além e acima de tudo inteligente e amiga e sincera porque o resto, se não for, corrige-se no bisturi, diga-se, desnecessariamente. Sonho com a paz, que é fruto da guerra, mas não necessariamente nessa ordem, já que quando o ser humano tem paz demais, espera-se guerra prontamente (não quero aqui dizer das guerras de bombas e tanques, e sim a guerra dos seres humanos um para com os outros). Sonho com um amor inalterável inabalável incondicional e sei que por isso; impossível.
O que tem me salvado ultimamente, fora meus inacreditáveis amigos e amigas, são os livros que ando lendo pra fugir do pensamento que anda completamente preso a uma situação específica. Não existem melhores companheiros que qualquer livro interessante, umas garrafas de cerveja e cachorro vira-lata.
Não sonho em ter, sonho em ser...
Chega de baboseiras, que o dia está sorrindo lá fora e tenho alguns sonhos pra realizar ainda hoje antes que escureça.



T.S.H
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