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cronicas-->Hormonios e Neuronios -- 16/05/2004 - 18:53 (Maria Luiza Kuhn) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
HORMONIOS E NEURONIOS

Na minha idade de mais hormónios do que neurónios, estávamos na década de setenta. Rito de passagem dos 15 anos com direito a festa e vestido comprido. Tendo festa excluía-se o debut no clube recreativo da cidade.
Aliás, para a classe média baixa estava de muito bom tamanho.
Desde então já trabalhava com carteira assinada, mas como ninguém é de ferro comecei a alçar vóos para tímidas festinhas vespertinas e às vezes noturnas, de primeiro namorado e tesão controlado, afinal virgindade ainda se cultivava por aquelas bandas.
Minha ànsia de vida, sensação de descompasso de tempo já era presente, mas em ritmo mais lento.
Dançávamos num compasso dos "The Mamas and the Papas" e outros rockinhos baladas, nada comparado ao rock paulada da nossa gurizada, que parecem estar no ritmo frenético do tempo da cibernética onde tudo se torna obsoleto em minutos.
Musicalmente recordando, logo em seguida ensaiei alguns passos na incoformidade com o regime militar na sua mais restrita fase, gostando muito das metáforas de Chico Buarque, das músicas do Milton Nascimento, para mim o melhor cantor de todos os tempos, Geraldo Vandré com sua "Pra não dizer que não falei de flores" e definitivamente a minha preferida contestadora política, a latina Argentina Mercedes Sosa.
Três anos depois, já cursava direito, onde e quando qualquer manifestação, por mais tímida que fosse, questionando o sistema estabelecido, era imediatamente desencorajada pelas sombras da ditadura.
Dizia-se e acho que até tinha muito de verdade, que havia espiões do sistema militar infiltrados em todos os lugares, como se no nosso caso, um bando de estudantes do interior do RS, fosse uma raça perigosa e uma ameaça à nação e a ordem. Nada mais ridículo.O exagero já existia naquele tempo, aliás, a repressão era medonha (Acho que agora passamos a outro extremo... onde a permissividade é descontrolada, mas isto é assunto para outra crónica).
No meu curso havia um estudante que destoava muito do grupo. Major do exército e bem mais velho que a maioria, esforçava-se para demonstrar gosto pelas cadeiras, mas mal disfarçava seu tédio. O que fazia lá? Tenho quase certeza que espionava.
Vale lembrar aos mais recentes estudantes, que nos anos setenta e oitenta era muito comum se iniciar uma faculdade e cursar literalmente todas as matérias, por isso eram grandes as chances de começar com um grupo e terminar junto com o mesmo. No meu caso foram mais de 100 formandos que foram do primeiro ao quinto ano "juntos".
Nesta época embora fossemos romànticos e quase tolos formandos, ouvíamos falar dos mais fortes e ousados movimentos estudantis em Santa Maria, onde estudantes eram mais politizados, diziam. Líamos textos de "intelectuais" que manifestavam suas idéias como de um "tal" de Tarso Genro, hoje nosso Ministro da Educação.
As histórias de cada um sedimentam-se durante anos, é bem verdade.
Hoje, alguns anos e quilinhos a mais, revisito esta época da minha vida com nostalgia e também com alegria, e, continuo buscando o melhor equilíbrio entre neurónios e hormónios.

maluizak@yahoo.com.br
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