Trabalho de Graduação apresentado à Disciplina Introdução Bíblica, do Curso de Bacharel em Teologia, na FATER (Faculdade de Teologia e Ciências Sociais do Recife).
Professor: Jurandes Santos Moura
ARACI-BA, 01 DE JUNHO DE 2002.
“Dispensação é um período Moral e Probatório, Moral porque expressa a vontade de Deus, Probatório porque Deus leva o homem a ser provado”.
“Em cada dispensação Deus tem um propósito que é colocar o ser humano debaixo de uma regra de conduta, mas as pessoas tem falhado, com exceção daqueles que acreditam na Revelação Divina. Hb. 11:7”.
(Lourenço Olson e Pr. Jurandes Santos Moura)
SUMÁRIO
1.0 Introdução ................................ 04
2.0 A Dispensação da Consciência .............. 05
3.0 Homens Notáveis Que Creram na Revelação de Deus Naquela Época ............................ 05
4.0 O Que Nos Ensina Esta Dispensação.......... 06
5.0 Conclusão ................................. 07
6.0 Referências Bibliográficas ................ 08
INTRODUÇÃO
Para introduzirmos este assunto, é pertinente entendermos melhor o que significa as Dispensações na concepção cristã da palavra. Vale a consideração de que a palavra "dispensacionalismo" não se encontra na edição revista e ampliada do dicionário do professor Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Quanto ao termo dispensação, o mesmo dicionário diz, entre outras coisas, que "entre os protestantes, é um período em que o indivíduo é experimentado quanto à sua obediência a alguma revelação especial da vontade de Deus".
Segundo Anísio Renato de Andrade, "O termo dispensação faz referência à mordomia ou à administração de tarefas. No sistema teológico conhecido como dispensacionalismo refere-se a um período de tempo no qual Deus lida com a raça humana de um modo distinto". O termo em português "dispensação", veio do latim "dispensatio". Seu sentido original é "administrar".
Anísio defende ainda que o termo grego traduzido como dispensação, ou administração, ou mordomia, é "oikonomia.". Ele ocorre nos seguintes textos do Novo Testamento: I Cor.9:17 ; Ef.1:10 ; Ef. 3:2,9 ; Col.1.25 ; Lc.16:2-4. Nos melhores textos gregos, em I Tim.1:4, oikodomen é traduzido por "edificação". Portanto, essa palavra é usada no Novo Testamento em dois sentidos diferentes. No primeiro sentido, uma administração de qualquer tipo. No segundo sentido, um tipo específico de administração divina que se prolonga por algum período de tempo, de tal modo que aquele período é chamado "dispensação".
O estudo sobre o dispensacionalismo começou a tomar forma e ser difundido na 2ª metade do século XIX a princípio do século XX. Segundo João Alves dos Santos, nos Estados Unidos grandes movimentos como o das Conferências Evangelísticas de Dwight L. Moody eram virtualmente controlados por dispensacionalistas. Sendo que o mesmo se dá hoje no Brasil, especialmente com os institutos bíblicos chamados interdenominacionais, de modo geral.
Vários são os pensamentos oportunos, que nos ajudam a entender sobre as dispensações, entre eles poderemos citar Agostinho que afirmou "Distinguindo os períodos, as Escrituras se harmonizarão". A famosa Bíblia do Dr. Scofield diz: "Dispensação é um período de tempo, no qual o homem é testado na sua obediência em alguma revelação específica da vontade de Deus". O grande, El Dicionário de La Santa Bíblia diz: "Dispensação é o plano de conduta de Deus para os homens”. O homem de Deus que esteve entre nós, N. L. Olson diz: "Dispensação é um período moral ou probatório". R. M. Riggs disse: "O arranjo ordenado e a classificação adequada da verdade Divina, que proporciona o estudo dos períodos Bíblicos ou Dispensações, nos evitará extraviar-nos e nos livrará de muitas confusões na interpretação Bíblica“.
Analisando diversos estudos sobre as dispensações, observa-se que todos eles concordam sobre o número delas que são sete, e também na nomenclatura delas que são: 1ª- Inocência, 2ª- Consciência, 3ª- Governo Humano, 4ª- Patriarcal ou Promessa, 5ª- Lei, 6ª- Graça e 7ª- Milênio ou Reino.
Aqui nos deteremos na segunda dispensação que é a da consciência. Nela os parâmetros exigidos por Deus ao homem, são os de responsabilidade em obedecer, e sacrifícios derramando sangue.
A DISPENSAÇÃO DA CONSCIÊNCIA
Esta Dispensação chamada da Consciência, que é a segunda por ordem cronológica, tem uma particularidade muito especial, pois é justamente nela que o homem começa a responder pelos seus atos. Passa a ter consciência que suas ações podem trazer conseqüências boas ou ruins. Nos faz lembrar o texto bíblico que diz: “tudo que o homem semear isto também ceifará” (Gl. 6.7b).
Analisando diversos textos, de diversos autores sobre esta Dispensação, percebemos que ela teve início com a queda do homem no Jardim do Éden, e se estendeu até o dilúvio. Na Bíblia, podemos dizer que ocorreu de Gênesis 4.1 a 8.14. Estima-se que durou 1.656 anos.
Os homens desta época, já não tinham a inocência de Adão antes de pecar, e com a consciência e conhecimento do bem e do mal, podiam decidir sua escolha entre estes dois caminhos. Porém, a decisão da grande maioria, com exceção de alguns, sempre foi infeliz, sempre foi a pior.
Desde Caim que cometeu o 1º homicídio, o pecado proliferou pior do que erva daninha em terreno propício, a corrupção do gênero humano tomou proporções gigantescas a ponto do Eterno Deus declarar: “viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra”. (Gênesis 6:12).
Diante desta situação, não restou outra alternativa ao Criador, a não ser promover seu justo juízo sobre o mundo totalmente contaminado, quando Ele declarou: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. (Gênesis 6:7).
Percebeu-se neste tempo, alguém que não se contaminara com a depravação da humanidade, que foi nosso Irmão Noé, que atendendo a Revelação de Deus construiu uma Arca na qual pôde salvar a si mesmo e sua família. Com este ato, Noé conseqüentemente condenou o mundo daquela época, conforme está revelado em Hebreus 11.7.
Nesta Dispensação como nas demais vistas até agora, o fracasso do homem é evidente, sempre que Deus estabelece normas de condutas de comportamento, deliberadamente os seres humanos fogem da ordem estabelecida e procura nos seus próprios erros se esconder daquele que nada escapa de sua visão, mas antes nada há encoberto diante dEle.
HOMENS NOTÁVEIS QUE CRERAM NA REVELAÇÃO DE DEUS NAQUELE A ÉPOCA
Poucos foram os destaques desta época probatória, porém merece referência dois grandes homens de Deus que se destacaram dos demais, por acreditarem na Revelação Grandiosa de Supremo Criador. Enoque e Noé foram reconhecidamente heróis da fé, inclusive relacionados na galeria dos homens que viveram pela fé, relacionados pelo apóstolo Paulo em Hebreus 11.
Porém, antes de destacar esses dois, merece uma referência dois vultos: Enos, neto de Adão, que em Gn. 4.26 relaciona seu nascimento à época em que o nome do Senhor começou a ser invocado. Cremos que ele foi influenciado e recebeu consistente revelação do Senhor, porque a Bíblia diz: “Clama a mim e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes, que não sabes” (Jeremias 33.3). O outro é Metuselá ou Matusalém que viveu cerca de novecentos e sessenta e nove anos. O destaque aqui é a sua longevidade, (não há relato de que nenhum outro homem tenha vivido mais do que ele sobre a face da terra). Filho de Enoque, ele certamente recebeu uma boa influência paterna e aprendeu muito sobre Deus. No demais ele certamente obedeceu a seu pai, honrando-o em tudo, a Bíblia nos diz no 1º mandamento com promessa: “Honra a teu pai e tua mãe para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor te dá” (Êxodo 20.12).
Sobre Enoque, pouco é relatado sobre ele, porém o suficiente para entendermos sua visão de Deus, pois a Bíblia fala que o próprio Criador o tomou para si e que ele não provou a morte. Enoque segundo o texto bíblico, andava com Deus. Andava tanto com Deus que foi com Ele para a eternidade, por lá ficou e certamente vamos encontra-lo por lá. É oportuna a ilustração que diz: “Enoque depois de andar várias milhas com Deus, percorrendo vários lugares, se distanciou muito de seu lar terreno, ao que Deus lhe afirmou que pelo muito andarem juntos, estavam mais perto da Casa dEle, do que da casa de Enoque. Nestas circunstâncias o Senhor perguntou se Enoque não gostaria de ir à Casa de Deus, tendo como afirmativa resposta, Enoque foi para sempre morar com o Criador” (anônimo).
Sobre Noé, é dispensável qualquer comentário, pois viveu numa geração perversa, mas não se corrompeu, preferiu buscar a Revelação de Deus. Foi quando o Criador lhe revelou que iria destruir o mundo de então por causa da depravação final que tomou a humanidade daquela Dispensação. Os planos do Senhor foram revelados a Noé que prontamente creu e executou a construção da Arca, minuciosamente como Deus havia determinado em sinal de obediência. Ainda demonstrando fé, executou tudo o que o Criador lhe ordenou reunindo os animais escolhidos e encaminhando-os até a Arca, dispondo nela os mantimentos necessários bem antes de começar o Dilúvio.
O QUE NOS ENSINA ESTA DISPENSAÇÃO?
Nosso Irmão Noé é considerado um tipo de cristo, porque ele trouxe salvação, por meio de uma embarcação que dependeu de Deus até no fechamento da porta. Isto nos faz refletir que Deus é quem proporciona as condições necessárias para salvação do homem. Sempre foi assim, é e sempre será. Se alguém fugir desta realidade e procurar salvação por outro meio senão aquele apresentado por Deus em Cristo Jesus o Nosso Senhor, na ação do Espírito Santo de Deus, vai acabar perecendo no grande dilúvio das justiças humanas baseadas em obras mortas. Noé Creu e obedeceu, deixou seu exemplo para nós, a despeito da situação adversa, ele permaneceu firme, e foi salvo, juntamente com sua família das águas do dilúvio, e certamente em Cristo será justificado diante de Deus para a Vida Eterna.
É bom refletir que Deus esperou com paciência a construção da Arca, para executar seu juízo. Noé com seus limitados recursos demorou muitos anos, (em torno de 100 anos) na construção. Certamente ele advertiu aquela geração perversa, porém, não foi escutado. Deus esperou e espera a conclusão dos propósitos dEle para executar os juízos, enquanto houver necessidade e tempo para conversão, pessoas que pela sua misericórdia haverão de crer em Jesus, esta nossa Dispensação não terminará.
CONCLUSÃO
Estudando sobre as Dispensações e mais profundamente sobre a Dispensação da Consciência, podemos entender a Soberania de Deus, que determinou as Dispensações. Cremos que apesar da falha dos homens em todas elas, não é este o propósito do Eterno para a humanidade, antes Deus espera que cada um de nós possamos nos posicionar escolhendo a boa parte, tomando as decisões certas, crendo, buscando e agindo dentro da Revelação do Criador para o homem, cumprindo a sua vontade acima das inclinações pecaminosas da humanidade.
Existe uma forte alusão feita por Jesus, desta presente geração, com a geração dos dias de Noé, Ele Diz: “Pois como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também a vinda do Filho do homem. (Mateus 24. 37-39). Portanto a comparação com os nossos dias serve de alerta para todos os povos para que se convertam ao Senhor da terra e céu, pois Deus não tomará por inocente aquele que rejeitar a Cristo. O Juízo de Deus para nossa Dispensação está próxima, mesmo às portas, talvez estejamos escutando a última chamada, depois que a porta se fechar, de acordo a profecia, haverá ”choro e ranger de dentes“ e então será tarde demais. O dilúvio e a 2ª volta de Cristo são fatos distintos que se harmonizam pela extraordinária conclusão dos propósitos de Deus". O Dilúvio tragou a todos que viviam deliberadamente no pecado. A 2ª Volta de Cristo será com poder e glória e executará o Juízo de Deus, Pedro disse em sua carta que: “os céus e terra que agora existem, pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios” (II Pedro 3.7).
Portando apesar aqui de se tratar de um trabalho acadêmico, gostaria de concluir conclamando a todos quantos tiver acesso a estas linhas, que se cristão verdadeiro, confirme seu compromisso, anunciando que é chegado o Reino de Deus. Se ainda não se encontrou com Cristo, que se arrependa dos pecados, creia e receba nosso Senhor Jesus como único e suficiente Senhor e Salvador, deixe o Espírito Santo comandar sua vida e viva abundantemente, naquilo que o Senhor reservou para sua vida.
Se desejar, Responda o que achou deste texto para o e-mail: joaorogerio@ligbr.com.br
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