Silvia caminha apressada pela calçada.
Muito close em seu rosto.
CORTE:
O pai de Silvia caminha pela rua também.
De longe vê o carro com capanga dentro.
Antônio se esconde e vê o carro passar.
CORTE:
Silvia passa perto de um lago artificial.
Para, olha para o infinito e continua caminhando.
CORTE:
O pai de Silvia passa pelo mesmo lugar.
Mas nunca vê Silvia.
CORTE:
Silvia passa numa ciclovia. Um local meio abandonado.
O CAPANGA o cerca com um canivete nas mãos.
CAPANGA: Oi garota! Porque a pressa? (tenta segurá-la)
SILVIA: Tenho mais o que fazer.
CAPANGA: (faz sons com a boca, desaprovando) Assim não vamos chegar a lugar algum.
SILVIA: Por favor me deixe passar.
CAPANGA: Bem melhor assim. Estamos começando a nos entender. Mas como nem tudo é perfeito....
O capanga abre o canivete que já estava em suas mãos, coloca no pescoço de Silvia segurando-a por trás.
CAPANGA: Que pena, (balança a cabeça) serei obrigado a forçá-la fazer algo comigo. E sugiro que não grite, nem faça barulho algum. Para que tudo aconteça na mais perfeita tranqüilidade.
SILVIA: O que você vai fazer comigo?
CAPANGA: O que essas lindas pernas está me convidando. (passa a mão) Sexo, e do bom. (passa a mão no pescoço) Esse seu pescocinho é digno de uma mordida, de um carinho, de um afago. (vai descendo com o canivete) E esses seus seios então? Que maravilha! São dois faróis prontos para iluminar a minha alma. (desce mais) E cá em baixo eu encontro o vale dos desejos. A riqueza mais cobiçada deste mundo. (joga-a contra o muro e a força contra) Eu quero tudo pra mim, e vai ser agora.
Silvia tenta escapar mas não consegue.
Com o canivete ele corta os botões da blusa.
Em seguida o capanga corta o soltien ao meio.
Quando o Capanga vai colocar a boca nos seios dela, vemos um revólver encostando nos ouvidos do capanga por trás.
LUCAS: Fosse eu de você, ficava bem quietinho, dava um passo para trás de mãos levantadas.
SILVIA: Lucas, é você?
CAPANGA: Lucas, o maior? (vira-se de qualquer jeito) E daí irmãozinho?
Lucas dá um tiro, que a bala passa rente as orelhas do Capanga.
LUCAS: Cai fora.
CAPANGA: Essa é boa, o cara não reconhece mais os amigos.
LUCAS: Amigos?
SILVIA: Vocês se conhecem?
LUCAS: Mais ou menos.
CAPANGA: Ela tava dando sopa, então...
LUCAS: Então resolveu tirar proveito.
CAPANGA: Mas eu não sabia, que ela...
LUCAS: Nem eu...
CAPANGA: Então vamos repartir ela ao meio. Você fica com a metade de cima e eu com de baixo.
Lucas dá vários tiros na direção do Capanga.
O capanga sai correndo e rindo.
SILVIA: Esse sujeito está me seguindo desde o primeiro dia de aulas no colégio. Será que ele é um estuprador?
LUCAS: Pode ser. Então eu te salvei, mereço uma recompensa.
SILVIA: E de que forma você quer o pagamento?
LUCAS: Que tal passar a tarde comigo num lugar bem legal. Lá trataremos do assunto.
SILVIA: Legal.
LUCAS: Então, vamos.
Os dois saem andando, rumo a moto que está mais ao longe.
O capanga sai de trás de um muro e fica olhando de longe.
Lucas o vê, e não diz nada.
Os dois passam de moto pelo capanga.
CORTE:
O pai de Silvia passa onde Silvia estava. Encontra o Arco de cabelo dela jogado no chão.
Pega o arco, desaprova com o rosto e sai bravo.
CORTE.
SEQ. 11 – EXT/LAGOA BONITA/DIA. (4.30 M)
Vemos um lago grande e bonito.
Ouvimos o cantar de pássaros e cigarras.
A câmera passeia lentamente, vemos a moto de Lucas estacionada.
Faz se um zoom lentamente. Vemos uma garrafa de vinho quase vazia sobre uma toalha estendida no chão.
Finalmente vemos Lucas e Silvia sentados num balanço de cordas. Bebem e trocam elogios.
LUCAS: Você é a flor que nasceu no meu árido jardim. Trazendo beleza e perfume.
SILVIA: Você é o resultado de uma busca que a esperança trouxe para mim.
Os dois estão olhando um no olho do outro. Braços entrelaçados e uma taça nas mãos.
LUCAS: Você é o alento que faltava em meus dias.
SILVIA: (muda de tom) E você pode ser o início de mais uma desgraça em minha vida.
LUCAS: (sério) Não entendi.
SILVIA: Claro que entendeu.
LUCAS: (Indagador) O que você quer dizer com isso? Que eu serei uma pedra no seu caminho?
Silvia levanta-se se encaminha até a toalha, senta-se de frente para o lago.
SILVIA: Muitas vezes o amor se resulta nisso. Deixa a gente cega e sem defesas. E no meu caso pode ser ainda pior.
Lucas se aproxima por trás, senta-se com ela no meio das suas pernas. Pega nas suas mãos. O seu rosto está colado no de Silvia. Vemos de frente.
SILVIA: A minha vida está uma bagunça, e não sei como vou arrumar. Sinto que poucos se interessam por ela. (pausa) Prevejo dias ruins.
LUCAS: Olha só. Não sei do que você está falando. Mas acho que eu tenho a solução para os seus problemas. Pode não resolver nada, todavia, ajuda a esquecê-los.
SILVIA: Você fala tão correto. Parece ser uma pessoa tão bem informada.
Os dois sentam nos calcanhares.
Tira cocaína do bolso.
Em seguida tira um pequeno espelho.
LUCAS: É que eu leio muito, procuro acompanhar a evolução. Embora....
SILVIA: Embora....
LUCAS: Nem tudo seja perfeito. (DESPEJA A COCA NO ESPELHO) Aí está o que procura.
SILVIA: Isso não ajuda em nada.
LUCAS: É porque você nunca experimentou. Com isso: você viaja, vai para mundos distantes, totalmente desconhecidos. Com ela você descobre as habilidades que uma mente possui, experimenta.
SILVIA: Perdida por 3, truco. Como é que se faz?
LUCAS: Assim é que se fala garota.
CORTE:
Aqui Lucas já está tirando um tubo de caneta do nariz, e sua expressão já e outra.
SILVIA: Agora é a minha vez.
Silvia pega o tudo das mãos de Lucas e se abaixa.
Lucas fica olhando por trás, não mostrar como se faz. Apenas o rosto de Lucas, está meio inquieto.
Silvia levanta-se e cai de costas toda amalucada.
SILVIA: O que é isso? Meu é sensacional. Pô quero mais. (vira-se para o espelho)
LUCAS: Vá com calma, isso mata.
CORTE:
Silvia levanta-se abobalhada.
SILVIA: Tenho a impressão de estar flutuando. (sai andando pela orla, vai até uma distância) Se eu precisar de mais, onde vou?
LUCAS: É só falar comigo. É disso que vivo.
Silvia vem voltando.
LUCAS: E se precisar de um servicinho extra. (mostrar os dedos atirando) É só falar comigo também. É minha especialidade na organização.
Silvia começa a rir sem parar. Começa a rodar como uma maluca.
Corre para lá e para cá. Está bêbada e drogada.
SILVIA: Acho que estou no céu. Estou voando. Voando. Voando. (roda e se agarra em Lucas.) E estou mesmo, encontrei um anjo.
LUCAS: É isso aí meu, viaja, viaja..
Silvia começa a entrar na lagoa.
SILVIA: Quero ver como é do outro lado do céu.
LUCAS: Vai garota. Está bem perto.
Silvia entra cada vez mais no fundo. Começa a se afogar.
Lucas fica brincando do lado de fora.
LUCAS: Está quase chegando no céu de verdade, isso, vai mais.
Silvia começa a passar muito mal.
Lucas se dá conta do que está acontecendo.
Lucas começa a ficar desesperado.
LUCAS: Mas não precisava chegar tão perto assim. E agora? (grita) socorro.
Fica mais desesperado. Põe os pés na água e volta com medo.
Silvia bóia mais uma vez.
LUCAS: Ela vai morrer. Não pode. Não pode. O que será de mim. Vão saber que fui eu. (grita) Silvia. (anda pela orla, meio louco)
Silvia afunda mais uma vez.
Lucas toma coragem.
LUCAS: Que droga é essa que não me dá coragem para entrar dentro da água.
E entra correndo.
Lucas sai batendo na água até chegar em Silvia.
Lucas pega a Silvia pelos braços e trás para fora.
Joga ela sobre a toalha.
Fica olhando para o seu rosto.
Sai sangue do nariz dela.
LUCAS: Será que ela vai morrer?
Lucas aperta com as mãos em seu pulmão. Na terceira vez ela joga muita água e mexe a cabeça.
Lucas agarra ela e diz:
LUCAS: Que bom. Você ainda está viva.
SILVIA: Me dá um beijo?
Lucas se abaixa, e começam a se beijar.
De repente os braços dela cruza o pescoço dele.
Aos poucos eles se soltam. Lucas senta-se sobre as pernas dela e tira a camisa.
Silvia puxa-o novamente.
A imagem começa a se distanciar. Passeia e vai para atrás da moto.
SILVIA: Me faz mulher de verdade.
LUCAS: Com o maior prazer
De repente ouve-se um grito de Silvia:
SILVIA: Ai.
Pássaros voam das árvores. E um cão late mais ao longe.
CORTE:
Silvia está deitada sobre as pernas de Lucas, que está sentado sobre a toalha.
Estão todos vestidos. Ele sem camisa.
Silvia tenta fumar um cigarro, pega de qualquer jeito, e engasga-se.
SILVA: Sabia que foi bom.
LUCAS: Percebi.
LUCAS: (DÁ UM PULO) Caramba, ia me esquecendo. Preciso terminar uma tarefa. Apagar alguém.(arruma as calças que está desabotoada. E coloca a camisa).
Lucas levanta-se e deixa Silvia Caída.
SILVIA: Fica.
LUCAS: Não posso. (sobe na moto) Vá a pé. Irei por outro caminho. Te amo, A gente se vê. (liga a moto e sai em disparada.)
SILVIA: (Silvia fica deslocada) Caramba, nem me deu um beijo.
Abaixa-se para pegar as coisas.
Pega e sai andando pela orla.