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Poesias-->Lágrimas de um Poeta -- 06/09/2004 - 02:59 (Neli Neto) |
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Existem certos momentos
em que até um poeta chora
lágrimas doídas, sentidas
saídas do fundo d´alma.
Seus versos travam
ficando engasgados.
Nada sai de sua mente.
Suas idéias fogem
e por mais que tente
a concentração não acontece.
Não encontra as palavras certas
que traduza toda a dor
que teima em se apresentar.
Dúvidas cruéis pipocam
crescentes em seu pensar
como faíscas vulcânicas
lançando suas lavas acesas
que teimam em tomar conta
de todo o seu pulsar.
São flores manchadas de sangue
de tantas crianças sementes
que não se abriram em botões
e tiveram suas vidas ceifadas
por um terrorismo sem chão.
E o poeta chora
suas lágrimas de sangue
impotente perante o mundo
e em suas falas se perde
crueldade não é sua rima
já que só canta o amor.
Que falar desta barbárie?
palavra nunca usada
em suas decantações.
Que falar dos órfãos, das mães?
dos sobreviventes acuados
seus rostos contritos
seu olhar petrificado
sem entender ainda do fato
que semeou tanto mal.
E o poeta chora muito!
Seu mundo interior encantado
está completamente acabado
bombardeado pelo terror.
Neli Neto
05.09.04
23:45hs-RJ
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