Compreendo tua ilógica, amor
Digo que não até entender
A frase oculta que reside
No dedo em riste que me pões
A taça que te dou na noite
Tem o néctar que passeia tua cama
Desfazendo os lençóis
Sombreando no primeiro feixe da manhã
O contorno da paixão desmedida
Feita aos tijolos, em recaídas
No abismo infinito de nossos beijos
Fecha os olhos, afirmativa
Este cabelo que volta, me visita
Sem hora marcada, sem saída
Quando se vê, em meu peito estás
Falando do passado embranquecido
No desejo inibido
Pela incerteza vil
Pelo sofrimento que apraz
Tua força não resiste
À iminência da loucura
Tremem os nervos, as ranhuras
As paredes querem nos celebrar
Num dos cárceres de luz
Aquarela sagrada, fundem-se as cores
Teu bronze perdido, flui em êxtase
Sucumbindo ao pecado
Que de minhas mãos brota como flor
Tuas asas baterás,
Renegando a saudade cortante
Rumando para um horizonte azul
Um breve adiante
Braços abertos, olhos ainda mais
Boca que tu recordas
Somente em um piscar
Tomarás meu corpo em beijos
Para no infinito me deixar
Serás, pois, minha, sorrateira
Na paz mais derradeira
Que a vida há de nos dar.
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