Olho em volta
borboletas que não voam
apesar das asas intactas.
Como presas de alfinetes invisíveis
à almofadas de luxo,
extáticas. Olhos mortos,
ainda enxergam.
Asas petrificadas. Imóveis.
Vejo então minhas próprias asas
que se movimentam,
ainda lentamente,
como em lenta ressurreição
após longo tempo de taxidermia.
Pergunto a mim mesma e às outras:
por que nos querem assim,
empalhadas, imóveis,
se nos mantêm as asas?
Taxidermia.
À guisa, quem sabe,
de simples ornamentos.
Ou quem sabe,
de uma incompreensível
forma de compaixão.
Ainda assim, taxidermia.
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