Ouvi desde muito cedo,
na verdade, bem pequena,
coisas que eram arremedo
da verdade que ainda reina.
Aprendi sobre metades,
sim, como metades de laranjas,
que dentro daquela verdade
é o que todo mundo arranja.
Ouvi muito em criança
que toda mulher que se preza
tem que guardar a esperança,
fazendo promessa e reza
de achar a outra metade
daquela sua laranja.
Segui crendo em metades,
sem as quais, diziam os mais "sábios",
ninguém tem felicidade.
Saí andando às tortas,
com esta lição guardada –
sem bater em muitas portas,
sabe-se lá se é a errada.
Mesmo assim muitas se abriram,
ainda que eu não as batesse,
umas de par em par,
outras com pouco interesse.
Andei juntando metades
do jeito que me ensinaram
e o resultado era a metade
daquilo que me falaram.
Cansei de tantas metades,
nem gosto de matemática,
veremos se ficando inteira
fico mais feliz na prática.
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