Não faz mal que trema a mão, escorregue
o lápis, e borre a tinta: na mente
do desenhista há um só contorno refazendo
os seres, mundos tangentes e longes.
Que mal faz o medo das cores erradas
se é firme a mão, e certa a razão?
do vento e do barro é o homem inventado,
misto assim, juntamos cores sobrepostas:
quando um branco, outro negro.; e vaga,
sofre paciente, no tempo de Deus.; fala
duns sons a evocação de luz e sombra.
Não faz mal. Nada. Eu espero tudo o que
sempre foi, tudo o que eu não via nada, e
existindo, o que o tempo faz conhecedor.
|