Conveniência
Convém dizer que os sonhos não morrem,
que são povoados de figuras sem paisagem:
como trouxesse numa fita um recorte, morro somente
por aquilo que quero morrer, pelo desejo de perda
e desejo de posse tanta por aqueles que morrem
que há na escuridão da linha em branco passagem
pois que é um traço formado no poema acidente
construído, razão e função de todo sucesso ser sorte,
que povoam as cortes, os olhares e os pensares
nas figuras de linha, de paisagem branca com
recorte de traço, morte de tudo, como num ciclo
semente de sorte, mero acidente, seqüência
mais sonho de perda, passagem sem linha
e dizer de posse, pois sonhos não morrem jamais.
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