Momento algum era ser de vida ou morte
a descoberta do descampado com seus hormônios
retornando flor de pele na terra de bel jardim
iluminado não de sol, não de lua, mas de imagem e
aroma, presença amena do que era antes luz...
Instante de captação de estrela e rastro de cometa
sem cometer explosão, movimento brusco de astro impossível
assemelhado à visão da estrela vem à ciência de uma
beleza que não é química de raio nem de fotografia
enamorando o coração da manhã e coração da noite
limpando o sangue dos que vivem de andar pelo jardim.
Como trabalha a lentidão do universo na construção
onipresente de tudo sentimento em fúria de existir
e ser dessemelhante a cada nós, eu percebo uma
lembrança de igual raiz e vária flor e o que for da terra:
há um misto de vida e morte no campo aberto
onde se cultiva os sentimentos do barro, viveres de tudo.
De onde, então, a alma e o gesto, de onde, deus
e a imaginação, o casamento de estrela e nuvem?
Batei palmas, fazei danças, gritai formas guturais e
relembrai os ancestrais de ritos para chuva e seca no giro
interminável da terra de cor tanta, umidade diversa
trazendo lembrança na natureza que voa vento e
trazendo à vida outro que não fora ser, e tombando...
onde quer que haja luz, pouco de sombra num momento de ser.
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