Virei uma noite ao som de vozes e de cantos peregrinos
para entender que a uma falta tenho motivos de presença
que me invade a imagem de ti, pois aguardo chegar só e
calmo, depois de cansar você eu de pensar tanto e dormir.
Eu que não morri de dores e não morri de fogo, caminhei
nas águas que trazem às praias os corpos de gente afogada
e escutei as estrelas, e escutei o deserto e a saudade alheia,
a saudade dos homens de tudo o que os fazem fabulosos...
A viagem dos que vivem é um passo d’olhos, outro passo
no tempo que vai longe, porque muito se canta ao que se
vai sem rumo, num esquecer querer a morte que os espera.
Quando a batida do coração se esvai, e cai a noite, e as asas
d’anjo bater já não mais são pulsar de leveza e vida, caem
os vivos na terra dos transeuntes, enterrados em valas comuns.
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