Um dia, pela manhã,
numa rua deserta
da cidade,
uma criança
a minha mão aperta
e me chama de Pai,
eu sorri meio sem jeito,
um sorriso um tanto cômico
apertou-me o peito.
Ele,
nas mãos tinha espadas,
nos pés tinha espinhos,
enfrentou tantos confrontos
pelos caminhos,
venceu tantos conflitos
com tão pouco carinho.
Na segunda manhã
na qual me chamou de pai,
eu já estava ansioso,
já possuia carícias
para as suas carências
no meu peito rumoroso.
Já não tinha cisma,
o verbo era cerne,
amor para o nosso carisma.
Eu estava sozinho,
com a porta aberta,
até que um dia,
sem mais, nem menos,
sem advertência prévia,
olhou-me nos olhos e sorriu,
guardou no vaso
uma vitória-regia,
depois partiu... |