ABSORTO
Se tenho o mar, encalho no brilho da noite
sem bússola, não tenho o norte, o roteiro...
Faço meu radar e navego em pleno nevoeiro,
não há deriva... Sou eu mesmo o marinheiro!
Partindo da tempestade á calmaria dos ventos,
içando velas em farrapos, á procura do porto,
Velejo... Um náufrago absorto!
Me perco nas estrelas aniquilantes,
noites de véus, com luas insones
rastejando á beira-mar, sal e solidão
esculpindo minha alma em centelhas...
Narciso em eclipse num céu de espelhos,
cardume de desejos e um mar por inteiro!
Desejos tem paisagens, o azul mar tem delírios
meus demônios e serpentes são dormentes
estou a bombordo, estou a estibordo
deste veleiro em maresia... O sol esfria!
E os meus peixes cortam os setes mares,
há no fundo do mar um inferno em agonia!
A noroeste do meu sol, oceanos em ânsias.
Estou em mim mesmo, um anjo torto
siguindo o farol da luz da lua
e domando mares revoltos...
Nhca
jul/00
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