CHORE CRIANÇA
Chore criança!
Chore pelos que morreram,
Sem viver.;
Pelos que vivem,
E têm que morrer.
Chore pelos que nascem,
E não podem viver.
Chore criança!
Pelos que amam,
E não são amados.
Pelos que conhecem o amor,
E não sabem como senti-lo.
Pelos que amam, são amados,
E são indiferentes ao amor.
Chore criança!
Chore pelos ignorantes
Que querem aprender,
Pelos sábios
Que não querem ensinar,
Pelos derrotados
Que queriam vencer.
Chore criança!
Chore pelos doentes
Piedosos,
Chore pelos sãos
Impiedosos.
Chore criança!
Pelos que consentem,
O que não julgam certo,
Pelos que condenam
O que sabem estar correto.
Chore criança!
Pelos que resistem
Ao irresistível,
Pelos idealistas
Sem ideal.
Chore pela flor sem aroma,
Mas que é bela.
Chore criança!
Que seu choro sirva de alimento
Aos famintos.;
Possa apaziguar
Aos revoltosos.
Possa amadurecer os jovens
Que pensam que a inteligência
Sobrepuja a experiência.;
Possa incutir nos velhos
Que a experiência pode não ser
Mais perfeita que a inteligência.
Chore criança!
Que essas lágrimas não sejam
Derramadas em vão!
Possam lavar a alma dos maus.;
Tingir nossa mente
Com pensamento de bondade,
Compreensão e amor.
Possam banir o ódio.
E, ao vermos essas lágrimas,
Tenhamos fé em que o direito
Faz a fôrça.
E, nesta fé,
Tenhamos até o fim a coragem
De cumprir com o nosso dever
Assim como o entendemos.
Depois, linda crinça,
Depois que suas lágrimas
Tanto realizarem,
Abra os olhos,
Sorria para o mundo,
E mostre a todos nós
O que é viver!
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