RODA-BRASIL
Roda Brasil, ligeiro,
Altruísta e altaneiro,
Som de cuíca e pandeiro,
De março a fevereiro.
Roda Brasil sem igual,
De bumbada e carnaval,
Trabalho no canavial,
Florestas e coqueiral.
Roda Brasil e bate
Tambores, a sua arte,
Auriverde estandarte,
Quem deixará de amar-te?
Roda Brasil, gigante,
Possuis riqueza bastante
Para este povo possante,
O seu futuro garante.
Roda Brasil, do justo,
Que não matará de susto
Ou fome seu povo augusto,
Combate o pirata astuto.
Roda Brasil-Poema
Pontal do Paranapanema,
Pataxó Brasília queima,
Grana que some em esquema.
Roda Brasil de paz,
Não se esqueça jamais,
Da justiça que se faz,
Ao povo que ama demais.
Roda Brasil, o samba
Quem faz é o bamba,
Espanta a carimbamba,
Alegria é tua muamba.
Roda Brasil da felicidade
Caprichoso da eternidade,
Garantido de lealdade,
Viva o Brasil, Mocidade!
BAHIA I
Bahia
Toda noite, todo dia,
Oxalá, Oxalufã,
E a dança de Nanã,
No terreiro candomblé,
Na catedral da Sé,
Itapuã, tarde vã,
Vou de van pra Itaparica,
Cruzar a baía rica.
SERGIPE
Sergipe
Lá vou de jeep,
Por Lagarto, terra afora,
Na praia e no sertão,
Me apropriar de tua mão,
Em Propriá não vou não,
Deixar você descansar.
Só em Estância Naná,
Pra descansar.
ALAGOAS
Alagoas
Que terra boa,
Minha mente voa
Em Pajuçara.
Maceió que é melhor
Mas vou para a zona da mata
Me embrenhar em Arapiraca.
PERNAMBUCO
Pernambuco
Estou maluco
Por ti, no Cariri.
Caruaru, menina, que rima!
Boa Viagem, para vocês,
Eu vou ficar em Itamaracá.
Ou vou pra lá,
Para Floresta. Virgulino,
Foge já pra Petrolina.
PARAÍBA
Paraíba
Lá pra riba
Ave de arribação.
Campina Grande
Forrozando na manhã.
Nas praias de João Pessoa,
Vou ficando, numa boa.
RIO GRANDE DO NORTE
Rio Grande
Que é do Norte,
Aqui eu fujo da morte
Na pontinha do Brasil.
Noronha das aparições,
Óvnis e cações.
E o que é melhor?
Uma tarde em Mossoró.
CEARÁ
Ceará
O que é que há?
Fortaleza pra guardar
O que há de bom.
Meu padim do Juazeiro,
Me socorra o ano inteiro,
Se a seca assolar
Em Quixadá.
Mas nada é para o mal,
Vou dormir lá em Sobral.
PIAUÍ
Piauí
Nossa santa Terezina,
Vou ver tuas meninas
De Corrente a Parnaíba,
Numa picada em Picos,
No lombo de mula manca
Vou ficando por aqui:
Piripiri.
MARANHÃO
Maranhão
Beijo as mãos
Da moça no São Luis,
Na esquina do chafariz.
Alcântara que canta
Uma canção de lembrança
Debruçada sobre o mar.
Mas não faz mal,
Logo eu chego em Bacabal.
PARÁ
Pará,
Que é pra descansar
Na Belém do santo Sírio
De Nazaré que encanta.
Aqui eu vou me esbaldar,
De Marajó a Marabá.
Araguaia, Caximbó,
Altamira, Santarém,
Eu vou também!
AMAZONAS
Amazonas
Mundo das águas,
Que levaram Ajuricaba
Pros braços da Uiara.
Manaus mandando naus
Pra todo lado, todo igarapé,
De Humaitá a Manicoré,
E o povo Nambik Wara,
Vendo um mundo que não para
De os engolir.
ACRE
Acre
Dos acres de terra,
Floresta monstruosa e bela.
Defendamos ela!
Contra balas as palavras,
Verdade contra quem mente,
E a vida de Chico Mendes.
Rio Branco, vermelho de sangue.
AMAPÁ
Amapá
Não posso ficar
Mas não deixo de passar
Na ilha de Maracá.
Porém, antes de dar no pé,
Passo lá no Oiapoque,
Carregando meu bodoque
Passarinheiro.
RORAIMA
Roraima
Já vou praí
Pra lá de Caracaí,
Boa Vista da floresta
Do norte que me empresta
Sua beleza ancestral.
Sou menestrel do Uraricoera.
RONDÔNIA
Rodônia,
O velho Rondom,
O nome de um homem bom.
Ji-Paraná, na Chapada
Dos Parecis, apareci,
Pedras Negras, Abunã,
Porto Velho, de manhã.
MATO GROSSO
Mato Grosso
Tem velho, tem moço,
Nesta imensidão de terra
A capivara sempre erra
E o jaburu avôa livremente
Cruza Cárceres, lentamente.
Alta Floresta, do índio altaneiro,
Barra do Garças, gracejo ano inteiro.
MATO GROSSO DO SUL
Mato Grosso do Sul,
Pantanal, alagadiço,
Ao gado que dá sumiço,
Boi de piranha.
De Aquidauana parti,
Até o Rio Taquari,
Corumbá, Porto Esperança,
No final destas andanças,
Amanhã, Ponta-Porã
TOCANTINS
Tocantins,
Tocas em mim.
Araguaia, Bananal,
Nosso Porto Nacional.
Palmas para Carolina,
Do Estrondo ao Gurupi.
Que pena, já vou partir.
GOIÁS
Goiás,
Cerrados e ais,
Campos belos, Jataí,
Taguatinga, Anápolis.
Ao sol é que vou corar,
Coralina a poetizar.
Cruzo a dourada serra
Enquanto a seriema berra
Para mim.
BRASÍLIA
Brasília
Ao sol, brilha,
Milha após milha
Do lago Paranoá.
Catedral congregacional,
Da capital nacional.
Cruzo a cruz na encruzilhada,
Mistério na esplanada
Dos ministérios.
MINAS GERAIS
Minas Gerais,
Suas minas geniais,
De endoidecer um rapaz
Que roda o Brasil em paz.
Ouro Preto, gente fina,
Juiz de Fora, Patos de Minas.
Uberlândia, terra de compaixão,
Chico Xavier, nosso caro irmão,
Mostra nas letras de monte,
Este Belo Horizonte.
ESPÍRITO SANTO
Espírito Santo,
Estado de graça.
Rio Doce, Colatina,
Caparão, Guaçui,
Vitória e Itapemirim.
De Guarapari a Cariacica,
Terra tão rica.
RIO DE JANEIRO I
Rio de Janeiro,
Fevereiro e março,
Campos do Niterói.
Sepetiba, Parati,
Petrópolis aponta
O Dedo de Deus.
Guanabara, pra que tanto?
Paquetá!
SÃO PAULO I
São Paulo
Da caipora, Pirapora,
Rio Preto e Ribeirão,
São José e Cubatão.
Cruzo, Prudente, a terra
Do Presidente Campinense.
Como araçá e toco tuba,
Pros Santos do lado de lá,
Itu e Guaratinguetá.
PARANÁ
Paraná,
Melhor não há.
Iguaçu a despencar,
Maringá, Maringá.
Araucária no ar,
Porto de Paranaguá,
Ponta da Serra do Mar.
SANTA CATARINA
Santa Catarina,
Terra da flor menina,
Floripa que me ilumina.
Chego em Blumenau,
Estranha nau germânica
Em solo Guarani.
Joinville, Itajaí,
De Laguna a Lages subi.
Canoinhas do Caçador,
Até Xanxerê.
RIO GRANDE DO SUL
Rio Grande
Lá do Sul,
Baita terra trilegal,
Passo fundo por Caxias,
Em Bagé tuas gurias,
Prendas do Erexim.
Patos, Lagoa Mirim.
Porto Alegre ta pra mim,
Sete Povos das Missões,
Uruguaiana, meu fim.
SÃO PAULO II
São Paulo, que hei de dizer,
Sua beleza, em cinza a padecer,
E o Tietê, tristeza de se ver.
Tua natureza, humanizada e nova,
Nos impõe sua beleza.
Somos todos imigrantes
A te dedicar poemas,
Desde São Vicente
Ao Pontal do Paranapanema.
Grandeza ituana, praia santista,
Ou percorrendo a Paulista.
Entre a Ipiranga e a São João,
A ti, São Paulo, todo o Brasil dá a mão.
RIO DE JANEIRO II
Rio de Janeiro, doçura do Pão,
Teu Leme leva o Arpoador
Nas águas da Guanabara,
Que olha garotas de Ipanema,
E se enamora da princesinha
De Copacabana.
Descansa a semana na sombra
Das Laranjeiras.
Arcos e flechas da Lapa,
Alamedas de Mangueiras e Salgueiros,
Samba no pé, o ano inteiro,
Deste Brasil, brasileiro.
BAHIA II
Bahia, terra adorada,
Terra de encanto e magia,
Surgida na longínqua páscoa,
Descortinou o Brasil.
Pindorama, azul anil,
São Jorge dos Ilhéus,
Um Porto seguro no céu.
O santo rio do Francisco,
Cortando como um corisco
O sertão que fora mar,
De Paulo Afonso subia
A Juazeiro vertia
Suas águas de quase mar.
E a Bahia se fez livre,
Do último dominador,
No Dois de Julho, heróico,
Tornou-se Brasil também.
Por esta terra tão ímpar,
De mata, sertão e campinas,
No Raso da Catarina,
É o carcará que domina.
Terra do Bom Jesus,
Da Lapa e dos Navegantes,
Teu coração é gigante,
A todos pode acolher.
De Carinhanha a Chorrochó,
De Catita a Mucuri,
Que bom voltar para ti.
Marco Antonio Cardoso
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