Um vírus no computador,
Um vírus no meu sangue,
Um vírus na minha alma.
Deletando meus arquivos,
Deletando minha saúde,
Deletando minha memória.
Eu também sou um vírus
No planeta que me abriga.
Como as células de meu sangue,
Sigo destruindo estruturas
Que jamais se recomporão.
Já procuro no espaço
Outro planeta hospedeiro,
Pois a terra moribunda
Logo, logo estará morta.
Sigo a vida de um vírus,
E os vírus me seguem também.
Podem acabar comigo,
Porém, não deixo de combate-los,
Assim como combato os vírus
De lógica eletrônica origem,
Que irrompem na madrugada
Travando a comunicação,
Destruindo o disco rígido,
Isolando-me do mundo.
Um dia sei que virá
O combate contra mim.
O planeta se contorcendo
Das dores de minha violência,
Tremerá sob meus pés.
Varrer-me-á da superfície
Tentando deter a praga
Que se espalha há quinhentos mil anos.
Esta terrível praga de humanos,
Vírus depredador insaciável,
Que destrói o próprio habitat,
Como é da natureza dos vírus.
Marco Antonio Cardoso |