O vento canta uma canção de até breve,
Beija de leve as águas do rio,
Que se arrepia e treme em suas entranhas.
A passarada atravessa o vale,
Canta e baila no ar, belo espetáculo
Iluminado pelo arrebol da tarde.
Dramática luz que se derrama
Emocionalmente sobre a natureza,
Preparando um descanso restaurador.
Suaves sombras se apossam de cada galho,
Das árvores onde os pássaros se aninham,
Cantando uma berceuse tão sentida.
As águas tingidas de vermelho,
Em tantos semitons, já matizada,
É como uma aquarela alegre e viva.
Do lado oposto ao sol, nasce uma estrela,
Que nos inspira uma prece, um pedido,
O ângelus alenta os corações benditos.
Enquanto o disco de ouro se esconde,
E o arrebol vai tomando tons de púrpura,
Os animais se aquietam na fazenda.
Os candeeiros, lampiões e lamparinas,
Vão se acendendo como lembranças do dia,
Agora que o véu negro da noite se levanta.
Um último clarão carmesim no horizonte
É como o fechar da cortina num teatro,
Quando o espetáculo da natureza se encerra.
Restam as luzes cintilantes e diamantinas
Das estrelas que polvilham o céu noturno,
Como um poema de esperança e fantasia.
Marco Antonio Cardoso |