Já quedava o astro-mor, escarlate e moribundo,
Numa época distante, perdida na escura noite,
Enquanto esperava o mundo, de vazia alma,
Nesta agitada noite, apenas a morte de Pan.
Nos palácios, florestas, templos e oráculos,
Por onde andara, fagueiro, a flauta a ressonar,
Com seu olhar zombeteiro e alegre pavonear,
Até que sob este ocaso, adveio a morte de Pan.
Choram com grande pranto todas as divindades,
Bacantes, sátiros, musas, que tristeza estonteante.
Todas as lágrimas vertidas transbordam o Aqueronte.
Mas de onde vem esta sorte? Porque a morte de Pan?
Quando Febo, apolíneos raios, sobre a Hélade,
Punha-se garboso a cada manhã, clamavam, de Píton
As filhas, a chegada redentora do Cristo.
O mundo aguardava apenas o último ato de Pan.
Nos campos, o eco e a lembrança, embalam
Menos que o doce sopro de sua flauta.
Nas fontes ainda se bebe da nostalgia,
Enquanto alguém canta a balada da noite da morte de Pan.
Marco Antonio Cardoso
|