O tempo de um tempo que passa enquanto tempo.
Escuto o nada - vazio.
Mas o que escuto enquanto tempo-vazio?
O silêncio é tão vazio que o nada faz-se presente - tempo.
Ouço uma voz macia a ninar-me.
Acolhe-me tempo!
Não quero sentir essa morte.;
Mistério da tua partida.
Tempo de todas as razões - destino.
Não partas...
Vivo em morte a tua despedida.
Vontade da tua-minha existência.
Nada...
Eu fico: calada, partida...
Como que deixada ao vento,
E um vendaval passou,
Levando com ele toda a minha esperança.
Estou parada no tempo, na terra e,
Formam-se um tapete de ervas daninhas,
Crescem, espalham-se, prendem-me...
Que tempo é esse que consome, que sufoca...
Minha vida adormece!
Deixaste!
O desejo de duas almas tão iguais
Perde-se no tempo do medo.
De que adiantou em te querer,
Se nem mesmo consegui liberta-te?
Teus medos te sufocaram, te esmagaram...
A ausência da tua presença me embriaga.
Vivo o sofrer de sentir-te nos braços de outra.
Não partas!
A saudade é imensa.; sufocante é a dor.
Ah, se eu pudesse ficar ao teu lado,
Se eu pudesse te amar...
Nesse instante de tempo, eu pararia,
Viveria todo o poder do amar.
Tornar-me-ia a mulher amada,
E tu serias o homem rei do meu coração.
"De que adianta ter desejos?
Desejar seu corpo
- Muito ardentemente desejado -
Se me sinto tão cansado
De sua ausência"...
Desejar, desejar, desejar!...
Como eu desejo não ser a ausência sentida,
Mas como viverei sem essa ausência?
Desejo ardentemente ser de todo a presença,
Mas a tua ausência também me faz te desejar.
Essa saudade da ausência-presença é o amor a nos convidar.
Não tenhas medo desses pequenos momentos ausentes.
Não partas!...
Não permitas que essa ausência cresça,
Tu, não podes aceitar esse amor?
Tudo vale a pena.
Na angústia de não te ter,
Meu coração permanece escravo do sofrer.
Duas almas tão iguais!
E o tempo me faz sonhar, sofrer, chorar...
Não partas, amor!
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