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Poesias-->morte poética -- 06/07/2003 - 20:40 (gisele leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
vc saiu

assim silente, por cima dos telhados...

pisando macio na vida,

com sua inflexível felinidade

era branco, todo branco,

com detalhes rosáceos...

estavas sujo ultimamente

a tortura do banho devido ao inverno

tinha dado uma trégua

vc saiu sorrateiramente da vida

e de todos nós



vc não queria que guardássemos seu corpo,

e nem velasse por sua alma...

porém, de todo jeito

estavas condenado a ser eterno

porque já era humanizado

e humanamente miava,

pedindo leite, comida,

atenção...



me perguntava intimamente

sobre suas sete vidas

aonde estarão as outras seis ??

vc era meu amigo, meu irmão,

meu cúmplice

na hora da leitura,

no sono maroto após o almoço

e, sobretudo meu companheiro

quando caçava os ratos



e, as vezes cruel com as pobres rolinhas



vc partiu sem dizer adeus,

au revoir mon cher...

mon chat blanche...

vc me acompanhava todos os dias até quase

a esquina e, arredio

ia miando por cima de

muros telhados, umbrais...



sua pose elegante, impecável

e se lambia em público com uma

assepsia elegante

de quem toma banho nu

mas, ao mesmo tempo, decente



vc tinha nome de urso polar...

todo branco, alvo

infalivelmente branco...



albino de olhos amarelos

castanhos e medonhos

que nos fazia ver

a finitude de um gesto de amor

e carinho



mas vc está definitvamente

fadado a ser

eterno

o que quer que os sentimentos toquem uma só reles vez

descansa eterno na memória,

na retina, nas mãos e, sobretudo

permanece tatuado na alma

com a certeza

de que irás voltar

muitas vezes

do caminho infinito que tens a seguir...



queria mumificá-lo

queria tê-lo para sempre

quanto egoismo idiota o meu

se eu já lhe amava tanto e,

nós nos pertencíamos

sem nos aperceber...

lá vinha você pular no colo

e a ronronar sobre os mistérios das noites

em claro

sobre a lua prata banhada em purpurina

sobre a chuva a fina a lhe molhar as patas

almofadas e rosas

mas enfim, seu espírito iluminado e belo

escolheu uma morte poética



um partir reticente

por cima de um telhado alheio

vizinho

e, então sua morte não passou de um anúncio

portado por uma criança...

era apenas um gato branco de coleira

que partiu sem dizer

adeus...estava morto

Le mort blanche







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