Acampamento MST Nova Canudos - Município de Iaras/ SP
Como fruto à luz da terra
Como sonho que flora nos olhos
Como o vento nas folhas já secas
Como a esperança expelida na rede
Surge do solo a força dos Homens.
Mãos grosseiras, pés desembainhados
Cultivam a terra que germina o pão.
As paredes, construídas de ripas, em lona embrulhadas estão.
O chão, terra batida, poeira levanta co a seca região.
Uns conhecem a fome do campo,
Outros ... a iníqua, cinza cidade.
Crianças enaltecidas brincam na terra, correm nus
Como anjos sórdidos, sem sorte, sem luz.
Na beira do rio, mulheres lavam as roupas, banham seus corpos
A carne seca e cansada, contrasta com o chão árido e vermelho
Carne maçada, alimento quase raro
Expostas nos varais improvisados dos barracos efêmeros.
Desgarrados da terra que oprime,
Fincam a esperança da semente que plantam.
Como o sol que amanhece no acrópole,
Como em sonho, o telhado levado pelo vento,
Espalhado: no chão, no meio, no tempo.
Bebem em canecos feitos de barro,
A saúde de seus filhos e netos.
Água da fonte estendida na mão,
Escorre ao tempo, lava teu rosto sujo de terra,
Pó vermelho do solo marcado, seco, arenoso
Deixa o endoado vestido da moça manchado em pó.
São os pássaros que cantam em cores
É o sanfoneiro em suplícios sem dores
Desdobra a dobradiça,
É a música, a luta que irradia
Em tudo do que há em nós.
Erika Viana
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