Uai, Minas Gerais,
das minas de ouro,
das gemas demais
que traz mal agouro.
Minas d água sem fim,
as minas prendadas
que bordam cetim
em avarandadas.
Êta povo mineiro,
habita as montanhas
com jeito faceiro
e sutis artimanhas.
Pão com manteiga e café
o sono cedo elimina,
calça na bota o chulé,
vai, que o gado rumina.
Nos beiços o pito
fede que nem satanás,
em breve do trem o apito
notícia fresca que traz.
Compadre, basta de prosa
que a roça anda fraca,
reza oração milagrosa
prá chover bosta de vaca.
Sente o cheiro no ar
de nova conspiração,
vem vindo devagar,
desconjunta o chão.
Acaba com o minério,
a idéia baratina,
dissolve o mistério
da alma de Minas.
Brasília, 20 de Maio de 2003 |