N A R C I S O
Oh! Flor rubra dos meus desejos, a dor me chama...
E não sabes que todo sofrer é uma longa espera
O tempo, a estiagem... não há romãs, mas, há estações
E no entanto, a dor que semeias, floresce, exaspera!
Mas não sei, se no aero-azul reflete luas sazonadas
E se do teu espelho meu coração entre os dentes
Sangra e deflete no silêncio, sob luas minguadas
Quando a noite veste-se do teu olhar reticente...
A dor me chama, dentro do peito, o bronze derretido
O amor, o amor macerado, meus desejos e meu céu
Desabando como tempestade... Ai! Coração vertigem
Procura frescor quando o vento sopra aragens de fel.
Ao meu coração, borbotões de sangue sangrando
Na minha veste branca sobre os teus pés orvalhados
E na dor da quimera brotando de dentro para fora
Narciso ressurge e ri do próprio espelho estilhaçado...
Nhca
Mar/03
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