Vazio, caminhava consigo
Sem saber que se devorava
Devorando o então perdido
Enquanto se procurava
E o que há de fazer sentido
Ao haver-se, então, despojado
Do amor que foi conseguido
E por nada ignorado?
Agoniza, pois, desprezado
Sem mesmo haver percebido
Devendo-se a si, mais nada
Que possa ter merecido.
Guardado para a invernada,
A si próprio, esmaecido
Ruminando a dor desbotada
E os trapos do amor partido.
(Hélio Pequeno )
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