Teus olhos silentes
São sempre ridentes,
Pois são transcendentes
Num rosto tão belo!
Denotam beleza,
De sã natureza,
Com toda realeza
Dum simples anelo.
Decantam ternura
De pulcra candura,
Com tanta doçura,
Que morro por ti!
São contas tão lindas,
Do Empíreo provindas,
De graças infindas,
Que iguais nunca vi!
Espelhos sinceros,
Tão puros, tão veros,
De olhares austeros,
Às vezes de não.
Refletem verdades,
Desvelam saudades
E as tantas bondades
Dum só coração!.
Teus olhos são ledos
E guardam segredos,
Desvelam-te os medos
Em horas de dor,
Mas mudam-te a face,
Se a paz te renasce,
Se a dor tão fugace
Se muda em amor!
Teus olhos brilhantes
São tão triunfantes,
São doces amantes
Do meu coração.
São ledas lembranças,
De paz e bonanças,
De luz e esperanças,
Em bela expressão.
Ah! Lindos, maduros,
Que olhos escuros,
Em risos tão puros,
No rosto me tens...
Que belas pupilas,
Em noites tranqüilas,
Com que tu desfilas,
Com que tu me vens!
No mundo d’agora,
Ou mesmo d’outrora,
Não houve, ó senhora,
Dois olhos iguais!
Só mesmo os que um dia,
Na dor, na agonia,
De Santa Maria,
Choraram sem paz.
P’ra sempre os teus olhos,
Prevendo os escolhos
E os torpes abrolhos
Da vida, serão
Por mim adorados,
Por mim venerados,
Por mim recordados
Em meu coração!
Feira, 05 de abril de 1996. |