Escrever um poema é preencher um vazio,
Um vazio existente em quem poetiza.
Escrevem-se versos que se multiplicam,
À proporção que gerados.
Muitas vezes vem um verso do nada,
Como se gerado de si mesmo.
Não se sabe de que mundo nasce,
Parecendo não ter existência anterior.
Um verso nasce e mais nada:
Um olhar disperso no ambiente,
Uma voz captado de um eco interior,
Uma caminhada, enquanto a brisa vem.
Um verso pode surgir do que não se concebe,
Como se inspirado por algo sem código,
Algo ingênito que se vai às palavras transmitindo.
Um verso nasce de emoções,
Vive de esperanças,
Vive de viagens imaginárias perdidas no nada.
Um verso é por natureza solitário,
Dentro de livros jamais lidos,
Jamais compulsados...
Um verso vive e mais nada.
Quem o escreve talvez dele se recorde
Ou dele se esqueça,
Como se jamais houvesse existido.
Um verso nasce e mais nada,
Um verso vive e mais nada,
Um verso existe,
Mesmo esquecido dentro de uma página,
Um verso não morre jamais!
Feira, 10 de agosto de 1996.
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