A vida passa como um trem vazio
E chega à morte sem jamais parar,
É como um vento de bafejo frio,
É como vaga a passear no mar.
A vida é porto de lugar sombrio,
É triste anseio de querer sonhar,
É forma breve dum amor sem brio,
É querer sempre sem jamais tocar.
A vida passa sem dizer-nos quando
E nós aqui, doridamente amando,
Numa vontade de jamais morrer.
Mas eis que um dia, quando não se espera,
A vida passa como a primavera,
Indo com ela todo o nosso ser.
Feira, 20 de julho de 1999.
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