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Poesias-->Deplorável ! -- 28/09/2002 - 12:47 (paulo izael) |
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DEPLORÁVEL !
Era uma tarde tão deplorável,
Que vi-me numa sucessão de decepções.
Eu estava rodeado por inúmeras amarguras,
Tantos fracassos adicionados à trajetória letárgica.
A comoção foi tanta, e duradoura,
Que findei por avistar o sol entristecer.
Compadecido, derramou lágrimas em fogo,
Sobre meu gélido coração descompassado.
Reverenciei o descaminho da solidão
Mergulhando no mar da incompreensão.
Ingeri o líquido da desgraça engarrafada
E senti o gosto letal percorrer minhas veias.
Incrédulo, o sol abandonou-me,
Beijando a face romântica da lua.
Atracaram-se num duradouro abraço.
Eu olhava a esmo, não fixava o olhar.
O corpo parecia estar paralisado.
A ruína estava presente em meu pensar.
Todas as esperanças esbarradas na ingratidão.
Tentei pensar, não reunia forças para raciocinar.
Minha mente confundia-se nos desenganos.
Talvez aquilo fosse parte de provações,
Mas eu já suportara inúmeros sofrimentos.;
Já não conseguia gritar, chorar ou reclamar.
Abafados soluços rangiam os dentes.
Frio latejante não incomodava, era apenas um detalhe
Frente ao suplício imposto pela tristeza que castigava.
Naquele momento morria minha intenção de vida.
Nunca o desânimo fora tão acentuado por
Inverdades e desencontros que afloravam a dor
E exaltavam a ardência no esmaecido coração,
Trazendo lembranças indesejáveis que não mais
Aturdiam a minha extensa sofreguidão.
Ainda tentei relutar contra o desalento,
Mas findei por aceitar e amargar a imposta derrota.
Senti um forte soco implodir no coração...
A taquicardia escurecia meu mundo sem piedade.
Trôpego, cambaleei, abracei o vazio e sucumbi.
Num último esforço, voltei para a desgraça enfumaçada.
Traguei todos os malefícios da vida, absorvi a loucura.
O copo equilibrava-se junto aos trêmulos dedos.
Vi-me a sorrir com os olhos cansados e enevoados.
Em seguida ateei fogo em alguns molambos.
Desanimadas chamas sonolentas não corresponderam
E mergulharam sob protesto em águas tranqüilas.
Malíssimo, fui apanhado por um tropeço e adormeci.
Acordei em meio a um tumulto:
Eu estava a ponto de ser objeto de estudo,
Quase fui esquartejado vivo e devorado por bisturis.
Lá fora, podia-se ouvir a algazarra produzidas por
Tolos pardais que tingiam de negro o lastimável amanhecer.
Nunca soube se finei-me, ou continuo em atividade improdutiva !
Talvez em outro plano, eu venha a saber se fui salvo ou apenado.
Paulo Izael
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