Dorme o teu sono,
Que te espera
Uma noite insone
De outro sono.
Vela.
Vê que na tela
Enfim se consuma
O enredo dos teus sonos.
Dorme.
Na caserna,
De uma fenda de tua pálpebra
Semi-aberta,
Desencarnada,
Enxerga.
Em frente a ela,
Acordada,
A imagem
De uma taverna.
Extasiada,
Bebe
O brilho dos teus olhos,
Pela fresta.
Então
Descerra,
Um dia que te resta,
A viagem tão deserta,
Fecha os olhos
E ceva.
O jardim de tua quadra,
A cidade que te enquadra.
Fecha os olhos,
Enterra.
Em seu cemitério
O pensamento que
Germina.
Abre os olhos,
Inspira
A fuligem da vela
Que te queima,
Consome a cera
Do amanhã
Que te ilumina,
E não termina.
Dorme,
Teu acordar de Cinderela.
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