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Velhas mulheres recolhem os cachos...
- Mas como são belas as uvas rubis!...
As cestas de vime recebem as frutas,
retorno no tempo e revejo o que vi.
As cenas antigas são mais que presente,
são onipotentes, persistem em mim,
odores mantidos, coados em pano,
café premiando a visita que eu fiz.
Enquanto dirijo, esses meus pensamentos
parecem mais fortes, conduzem-me enfim.
O trânsito ferve, atravessam pedestres,
na faixa, ligeiros, olhando pra mim.
- Mas, Deus!... quanta gente que ali eu percebo,
eu juro a mim mesma que já conheci...
O tempo atual agregado ao passado,
os xales e os dias nos quais não vivi,
não era nascida, mas sei das serestas,
usei belas tranças, cantei num jardim.
Já fui cavaleiro, joguei nos cassinos,
naquele duelo, exauri-me e morri,
livrei-me da flecha e fugi pela mata,
sozinha na noite o meu filho pari.
Já tive dois reinos, traí meu amor,
furtei nos mercados, gritei por clamor.
Por vezes fui freira, que a Deus se entregou,
em outras a puta , do padre ou pastor.
O guarda que apita, já foi meu senhor,
e manda que eu siga,
por hoje me vou...
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