”(…) nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que este sangue amargo.
E tão sério
E selvagem,
Selvagem (…)”
Tempo Perdido – Legião Urbana
…………………………
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
…………………………
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga , caldeirão,
Vidro, parede, janela,
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
(…)
Um mondo novo nascia
De que se quer suspeitava.
O operário emocionado
O Operário em Construção – Vinícius de Morais
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Minha pena se faz agora dura,
Como duro é o solo seco e árido
Que o Lavrador, no seu duro labor
Vem logo com a aurora trabalhar.
Vem com sua dura enxada,
Sua foice amarga e amada
Ao campo, alimentos e vida, semear
Ao sol quente e companheiro.
Vem o nosso Trabalhador durante inteiro
Dia de labuta a terra lavrar.
Vem colher comida e ouro,
O nosso sustento diário e vários,
Vem colher nossa alegria e o nosso tesouro.
Mas nosso lavrador, (e também o mineiro)
Que a Terra (com carinho e amor)
Cuidou e amou.; faiscou e extraiu,
Não imagina qual SEGREDO VIVO
que dentro de seu seio, escondido, encerra
Na sofrida labuta. O mágico fruto
Das horas trabalhadas o caminhão levou
Para o urbano operário transformar.
Transformar o mistério da terra
No milagre das máquinas elétricas.
O operário no seu macacão de anil
Descansa quando o apito fica a berrar
— Almoço! —Almoço! — Almoço!
Come o que a esposa, com carinho
E com sua triste e resignada satisfação,
No fogão, de madrugada, fez com soninho.
Aperta botão! Mexe alavanca! O fruto
Entra aqui sai acolá. Linha de produção.
Metálico monstro devorador de trabalho.
Então o que era fruto vira produto.
Não sabe o operário qual o camponês
Que colheu como desconhece a quem
O patrão vendeu (Também ignora quem construiu
O prédio da fábrica, quem fez suas ferramentas,
Até o padeiro que fez o pão nosso de cada dia.)
Não sabe quem venderá seu produto e quem o usará.
“Esse misterioso produto do trabalho, quantos segredos,
Quantas horas e litros de suor traz consigo? Quantas?”
Este feitiço mutante da labuta continua a agir.
Silenciosamente, vagarosamente, subitamente.
E o produto (que antes era fruto), agora á mercadoria.
No dia a dia de muita desgastante luta,
De muita eufórica, dolorida e calejada agonia
Esta estranha peça desconhecida da magia
Muda de mão em mão até uma outra mão.
Do comerciário atacadista ao pequeno comerciante
Do vendedor até o credor bancário e consumidor final,
A mercadoria transforma NOVAMENTE, agora em capital.
E o capital? O capital não fica quieto. Vira aplicação.
E de capital surge o investimento para o patrão.
E de uma hora para outra, através dos juros,
O capital se multiplica, em mais e mais…
Parte é girar mais capital . A outra parte,
Em luxo para o patrão. Em vida mansa e ostentação.
Ah! Vida Boa para o grande banqueiro! O alto
Investidor! O magnata da Indústria! Do latifundiário!
E como ele consegue esta vida tão fácil, este ócio,
Este dolce far niente como se tudo fosse tão simples?
Ora, ora! Sobre o sangue do lavrador,
O suor do operário.; A insônia do vendedor.;
O desespero do bancário, a fadiga do jornalista,
Repousa o descanso e o uísque do patrão.
Do excesso de horas e do trabalho explorado,
Do salário de fome e da mais sórdida especulação.;
Da miséria, do desemprego e da mais cínica corrupção
Reside o casaco de pele da amante do patrão,
As estripulias e boêmia do filho da patrão,
A futilidade estúpida da esposa do patrão.
Este suor sagrado que lubrifica as máquinas
Que escraviza e suga a força.; também gera
A transformação. É da mais-valia que enriquece
Poucos, da sua exploração que nasce
A força imortal que move montanha,
Desta dialética e histórica contradição
Que a burguesia cria a classe que fará
A revolução. De quem nada tem a perder
(Excessos os grilhões da ignorância)
Dos despossuídos só tinham a prole de seu.;
Vem o valente Trabalhador, forjado
No Sol do campo e na fornalha das fábricas,
Conquistar aquilo que, de direito o pertencia.
Sua cota de produção — a abolir a Mais-Valia!
E um mundo, com tudo nele dentro, a ganhar!
“Trabalhadores de tudo Mundo, Uni-vos!”
(Em memória à Karl Marx e Freidrich Engels).
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