M I N H A D O C E D O R
Para a cética que renunciou ao meu amor :
Aqui estou novamente, de volta ao palco
Não tão bem iluminado, apenas obscuro,
Continuo forte, como pedra, no descaminho
A procura do nada, sentindo prazer na dor.
Vitorioso pelo que não fiz e angustiado.
Comovido, sou feliz abraçado ao meu desamor.
De lado deixei amores aos quais nunca me dei.
Hoje posso olhar o mundo de frente,
Posso iniciar uma guerra num estalar de dedos.
Quase sempre, o poder é concedido a quem não sabe usá-lo.
Aquele que controla é controlado.;
Mas aquele que controla a si mesmo, controla um pais.
Posso quase tudo, e o meu tudo é menos que nada.
Vou vivendo alimentando meu desamor,
Sem responsabilidade nem cobrança.
Os mesmo céticos de outrora agora são crédulos.
Pasmo, vejo as falsas mulheres tomarem chegada.
Antigas paixões com suas bocas pintadas, aberrações.
Meu riso irônico afasta o assédio indesejado.
Meu coração amargo admite o que nunca admitiu:
A repentina saudade do único amor que um dia partiu.
Eis que de repente o orgulho recrimina o amor barato,
Então concluo que estou acima do sentimento vulgar.
O envolvimento exagerado é um ópio que alimenta os fracos.
Não respiro o ar de uma paixão ausente.
Aqui, em meu mundo onde a penumbra é luz,
E o arco-íris da aliança torna-se incolor,
Sou feliz, despojado de qualquer emoção.
No desconsolo, sobrevivo abraçado ao meu rancor.
Apoiado na ignorância que minha poesia propicia,
Alimento-me das palavras que expressam a dor...!
Paulo Izael& 61485.;
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