De ti, amada Valença distante,
De saudades choro e morro.
Afogado pelo maelstron das ruas engarrafadas,
Da negra fumaça do concreto,
Da constante ditadura do Tempo X Distância,
Quantas saudades sinto do teu carinho!
Cidadezinha amada, pelos governantes, maltratada.
Cidade que é orgulho e mãe gentil!
Quanta falta sinto deste meu ninho,
Dos passeios pela Orla do rio Una
E da mão protetora do amparo.
(E do mercado demolido, pioneirismo tecnológico
Onde altivos magarefes trabalhavam
E que poderia ter sido nosso Mercado Modelo).
Sinto saudades de te cruzar a pé,
Meio dia de sol a pino
Enquanto voltava do colégio
(E havia o bomboniere do Calçadão,
Com doces sonhos de bombons e guloseimas
Que nos encantavam, a nós estudantes famintos)
E de te cruzar, Ponte General Inocêncio Galvão,
Passar pelo velho e negro rio Una
Repleto de canoas e saveiros e escunas
Trazendo pescados do mar e levando turistas paras ilhas.
No meio do rio, ainda se ver a sombra
Da Industrial chegando e da ponte
Se abrindo e o algodão chegando para a fábrica de tecidos.
Sinto saudade da Vila Operária,
Gêmeas múltiplas, juntas, de pele amarela
E sorriso verde de portas e janelas.
E das noite boemias no Jardim Novo
E do sempre reformado e mutilado
Jardim Velho (até quando?).
Cidade de mil jardins e praças:
Bandeira que já foi Pó de Serra,
Triana de folguedos infantis,
República (do teatro e do coreto extinto),
Adro do Amparo, rainha de Valença e soberana do Brasil
Getúlio Vargas e seus operários.
Praça em frente da casa de minha avó
Que tantos brinquedos brinquei a noite
E das árvores que fui senhor e rei.
8 de novembro, festa da padroeira dos operários,
Nossa Senhora do Amparo.
Ainda me lembro de tua procissão
Percorrendo a cidade:
Vila Operária, casa de minha avó, Burgo.;
Ponte, Paço Municipal, Rua das Caladas (onde papai nasceu).;
Rua da Taboca e entrando pelo Jardim Novo.;
Rua Marquês até a colina de nossa rainha soberana.
Após a missa, o cheiro da maça do amor
E as luzes do parque cavalgavam pelo nosso sentidos infantis
Como o sonho colorido avassalador.
Velha Valença de versos furta-cor,
Quantas saudades sinto de ti.
Em breve, querida namorada,
Voltarei para em teus braços e seios dormir…
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