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| Poesias-->SERENA LUZ -- 01/08/2002 - 14:20 (Anderson Christofoletti) |
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Preciso ouvir novamente
O impreciso tom
Da vida sem explicação.
Preciso sentir o calor de suas mãos,
Ouvir o som
Que nasce de sua boca
E deságua em meu coração...
Preciso ser ungido por toda
Simplicidade
E pela beleza que a é inerente.
Minha alma , cansada de formalismos
E de complexas arquiteturas verbais,
Procura um novo cais...
...Procura um porto
Onde toda palavra, todo verso que parte
Para o mar da poesia e da arte
Seja liricamente possível
E humanamente louco.
Quero muito deste pouco
- Impossível para outros -.;
Quero findar meu tormento
Numa paz branca e serena
Absurda para meu tempo,
Necessária para o que penso.
Quero rasgar madrugadas
Com auroras singulares e amenas
E pintá-las com poentes vivos,
Lascivos e incandescentes.
Quero viver de forma transparente.
Eu não sei mais do espelho que nada me dizia,
Eu não caibo mais na fantasia
Do dia-a-dia.
Sou forma metamórfica que sente.
Tenho areia em meus olhos
E uma adaga em meu coração,
Nada mais tenho em minhas mãos
Desde o instante em que fiz do silêncio meu irmão.
Pode parecer um tanto quanto paradoxal,
Mas hoje precisava ouvir sua voz , ver sua tez matinal
Para sentir a remota possibilidade de estar errado.
O porquê exato
Eu não saberia dizer.
Sei que sempre
Vejo em vc
Uma luz de dia nascente,
Uma janela entreaberta
Que guarda todas poesias num só poente,
Uma fresta de vida
Por onde escorre a voz de Deus:
Um gorjeio , um crepitar outonal
De folhas crestadas pelos dias que se foram sem adeus...
Vejo em vc
A sensibilidade pulsante.
Diferente daquela de que tanto falam,
Escrevem e guardam em estantes...
Guardo
- E trago comigo-
Apenas seu cristal latente
Que carrega em si
A incandescência
Da paixão
E a lascívia
Esguia da sedução.
Às vezes ele pulsa..;
Às vezes ele me atravessa ,
Me inquieta....
Cada face deste cristal
Reflete um momento
Singular.
Quando a paz me tem,
Posso ver nele a nítida
Composição de uma rosa,
De uma serena luz de vida.
Mas basta um simples
Resvalar de sentimentos
Para que suas pétalas em chamas
Invadam meu silêncio,
Tomem meu ser escuro , grave e resguardado.
©Anderson Christofoletti |
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