Eu já morri.
Morri antes do dia.
A morte é ruim
e dela não se volta.
A morte atormenta,
maltrata, é morte!
A morte é cinzenta
e ignota, prefere
a volta ante a reta.
Perversa, prefere
a neta ante a avó
e não tem dó
do pobrezinho do avô
de 99 anos.
Morte... Morte.
A morte é silenciosa
e pavorosa.
Corcunda, tem 100 anos.
Não soletra um verso
ou dita prosa, não conta
estórias, embora alguns
pensem que sim.
Não espalha cheiro de jasmim
e sim de fossa.
A morta!
Feminino de morto,
não menos cruel e
desumana,
medonha.
Morto, morta, mortalha!
Mortalha.
Só faltava essa tralha
para revestir de lúgubre
a morte.
Morte escura,
sem luz,
Morte tenebrosa.
No breu,
Morfeu,
Morreu,
Meu Deus.
A morte institucionalizada.
A Sorte.
A morte humanizada.
Eutanásia.
Malásia, Ruanda, Etiópia.
A morte está viva!
Diria Amásia,
e dirá tranquilo
Amáncio que
o apanágio da morte
é a sepultura.
A escura sepultura,
Moldura.
Acendam uma vela
para eu ler meu
último poema:
Morfema.
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