O Outono descerrava seus olhos
quando a Primavera a tinha por presente.
Doce e inocente, ela sentia e via a tudo,
e surdo era o vento que aos seus cabelos
entrançava.
Com todo zelo, acolhida era uma
sua lágrima quando se via de alma nua.
Era crua, crua a sua inocência,
e a inclemência de seus versos
traziam-na ao reverso de seus sonhos.
Medonho era o amor que levava ao peito,
tristonho e cálido,
já refeito de dores agudas do passado.
Conduzia ao lado um coração insone
e amargurado, a soluçar com o
badalar das horas cheias.
O vazio de sua lembrança
se fazia presente, e ausente
era o ser que balbuciara ao seu ouvido
e mordera ferozmente sua língua.
Um corpo fremente se entregara
em holocausto à renúncia de
uma vida toda.
Este sim, quisera Deus, fosse silêncio.
Com a morte, soava sua querida
sinfonia, os senões de uma vida
pautada na nostalgia do vir a ser,
por um futuro de engano, e por um
gesto lacônico,
de eterno adeus.
|