Miragem
Não posso confundir a minha alma,
Nem quero tê-la aquém da sua cela,
Por isso fico em prantos para ela,
Que chora para mim sempre calada.
Soluços que nunca saem de mim,
Nos pedaços que junto com cautela,
Na febre que jorra a carne amada,
Que palpita no corpo negando o seu fim.
E furtivamente recorre à estrada,
Sofre sem ser minha, em conflito.
É para todos, e só a mim pertence.
Vislumbra a sombra no momento infinito,
E nas mãos carrega o meu rosário,
As contas e as palavras entrelaçadas.
É sombra em noite escura contorcida.
Os passos vêm, mas nada vejo, escuto...
Qual a grandeza essencial do puro manto,
Sombria como um sonho sem ventura,
Recordo-me cansado, sujo e poluto.
(POESIA – Terra)
No mesmo chão que piso e amasso
Que sendo sólida tem água em pedaço
Sou habitante da terra no instante
Em que a alma sem vida está distante
Não quero respirar estou cansado
Porque conheço bem mais do que moro
Mas não eleva o seu eco sonoro
Como arte, enquanto pedra, em tudo nado.
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