Se me calo,
leio
teu pensamento.
Se te ouço,
sinto teus lábios trêmulos
tocarem meu pescoço.
Se te vejo,
percebo tuas mãos tateantes
procurarem vestígio
no litígio
do teu corpo.
Como um louco,
insano no desvario
procuro tua passagem
numa busca cruel,
imorredoura.
Como um avião
escuto o murmurinho das nuvens,
o grito do trovão me ilude,
no desespero do amanhã
sem claridade.
Na imagem do breu
fiquei sozinho,
na cama com Orfeu
não deu em nada...
(Publicado no Livro Insensatas Palavras, 2003)
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